Vacinas internacionais sobem de um euro até 100 euros, podendo reduzir o número de missões. Plataforma das organizações não governamentais lança o alerta e vai pedir ao próximo governo o regime de excepção
Vacinas internacionais sobem de um euro até 100 euros, podendo reduzir o número de missões. Plataforma das organizações não governamentais lança o alerta e vai pedir ao próximo governo o regime de excepção”Esta subida brutal do preço das vacinas internacionais tem tido um forte impacto no trabalho das organizações com projectos de cooperação que enviam voluntários ou pessoas em missões temporárias”, afirmou o director executivo da Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais (ONG) para o Desenvolvimento, Pedro Cruz. O aumento do preço pode levar à diminuição das deslocações. Desde Janeiro, quem for vacinar-se contra a febre amarela, a encefalite japonesa, a febre tifóide, a meningite tetravalente e a raiva passou, segundo a agência Lusa, a ter de pagar uma taxa que pode custar 50 ou 100 euros e que, antes, era inferior a um euro. Chegou a estar preparado um diploma para clarificar as regras e contemplar o regime de excepção, que incluía as missões humanitárias, mas entretanto a assembleia da República foi dissolvida e o processo ficou parado.

Segundo o director-geral da Saúde, Francisco George, o diploma prevê que as autoridades de saúde devam assegurar a utilização de meios eficazes de protecção aos cidadãos que se desloquem a zonas de risco. Nesse sentido, em casos devidamente fundamentados, e após autorização de autoridade de saúde nacional, [podem] fornecer os medicamentos e vacinas profiláticos necessários sem o pagamento do valor do acto ou serviço prestado”. a Plataforma de ONG para o Desenvolvimento reúne 69 organizações com projectos de voluntariado ou de cooperação para o desenvolvimento, principalmente nos países africanos de língua oficial portuguesa, com destaque para Moçambique, Guiné e São Tomé. Em todos estes países são necessárias vacinas internacionais e em alguns deles mais do que uma, referiu Pedro Cruz.

a alteração dos preços “tem um impacto muito grande em termos de orçamento necessário” para a deslocação dos cerca de mil voluntários e restantes pessoas ligadas a projectos naqueles países, em cada ano. O responsável da Plataforma ainda não tem conhecimento de que os valores a pagar pelas vacinas já tenham causado o adiamento de missões ou provocado dificuldades na concretização dos projectos. as organizações tentam ultrapassar estes constrangimentos provavelmente desviando algum dinheiro que tinham previsto para outras vertentes dos orçamentos”, admitiu Pedro Cruz. No entanto, não deixou de apontar que a situação “tem alguma influência na parte da calendarização das visitas periódicas feitas para acompanhamento dos projectos e poderá haver menos missões temporárias ao terreno”. O regime de excepção é “uma prioridade” para a Plataforma, que promete intervir junto do próximo governo para que seja aprovado. Os cerca de mil profissionais que se deslocam de Portugal em missões internacionais são técnicos de saúde, professores, engenheiros, principalmente na área da água e saneamento, técnicos de apoio social e de capacitação técnica.