Sacerdote do Gana fala aos capitulares da Consolata, reunidos em Roma, sobre a missão em territórios de forte presença muçulmana. a presença lado a lado “ajuda a promover um encontro no coração”
Sacerdote do Gana fala aos capitulares da Consolata, reunidos em Roma, sobre a missão em territórios de forte presença muçulmana. a presença lado a lado “ajuda a promover um encontro no coração”Partilhamos o encontro com os muçulmanos nas diversas formas de diálogo, na vida, na transcendência e presença de Deus, e nas experiências espirituais, afirmou o padre ganês, Richard Baawobr, superior dos Missionários de África, em conferência durante o XII capítulo geral dos Missionários da Consolata, em Roma. Para nós não é importante saber quantas pessoas se tornam cristãs, mas a transparência na partilha das dificuldades e alegrias. E explicitou: O que conta é a presença que ajuda a promover um encontro no coração. O diálogo com o Islão faz parte da vocação da congregação. O nome Missionários de Nossa Senhora de África – também conhecidos como Padres Brancos – expressa perfeitamente a sua missão: Nascidos em África e para África, somos uma sociedade de vida apostólica, formada por padres e irmãos consagrados, solidários com os africanos, atentos aos seus problemas e comprometidos com seu futuro”, sublinhou o sacerdote ganês. a instituição foi fundada em 1868, por Charles Lavigerie, arcebispo de argel, na argélia. Conta hoje cerca de 1. 400 missionários de 37 países dos cinco continentes, vivendo em 310 comunidades. a sua origem e finalidade situa o seu trabalho em 23 países africanos, mas estão também a serviço dos migrantes africanos e vocações na Europa, na américa e na Ásia, principalmente na Índia.

À semelhança de outras congregações e organismos missionários, a actualização do carisma tem sido um grande desafio. Somos suficientemente conhecedores da nossa história e empenhados em manter viva a nossa vocação para a missão”, argumentou Richard Baawobr. Muitos países africanos passam por rápidas mudanças. “O nosso trabalho em situações de instabilidades política e social, de pobreza e violência requer o empenho dos missionários em obras de desenvolvimento, como escolas, abrigos e obras sociais. O apoio das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de África, contribui para estarmos perto das pessoas em seus sofrimentos levando um pouco de esperança, explicou. Os jovens representam mais de 50 por cento da população em muitos países africanos. ” a população cresce e com ela crescem igualmente as necessidades. O missionário questiona-se como responder a todas essas necessidades, tendo presente que a cultura dos jovens é diversa daquela dos seus pais?. Seguindo a vontade do Fundador, os últimos capítulos gerais da congregação, a partir de 1992, deram especial importância à promoção da justiça e paz, como elementos integrantes da vocação missionária. Trabalhar em países em conflitos tem um preço. Entre 1994 e 1996, foram assassinados 19 religiosos e religiosas, na argélia. Entre eles contam-se quatro missionários da África, mortos a 27 de Dezembro de 1994. Situações extremas como o martírio na missão, afectam a vida e o trabalho. ainda recentemente, devido à instabilidade política na Costa do Marfim, a congregação teve de transferir os seus estudantes de teologia para o Gana e outros países. Em Nairobi, Quénia, o reitor do seminário teológico foi assassinado, em 2007, juntamente com um estudante e um formador foi ameaçado de morte. Quatro diáconos tiveram de abandonar os seus estudos, poucas semanas antes de terminar o ano devido a ameaças de morte. São casos que mostram como nossos missionários, estudantes e a população, estão continuamente sujeitas a situações traumáticas, comentou o padre Richard. Há bispos que enviam padres diocesanos para aprenderem como bloquear o crescimento do Islão, revelou o superior geral. Nós acreditamos na mensagem que promove uma experiência de diálogo respeitoso baseado na partilha de que somos todos filhos de um Deus único”, destacou. O facto dos missionários de diversas nacionalidades e culturas formarem comunidades apostólicas de vida serve de exemplo ao povo. O nosso próprio testemunho abre as portas ao diálogo com os outros e promove as vocações missionárias”, afirmou. No campo da formação de futuros missionários, os Missionários da Consolata e os Missionários de África já trabalharam em parceria em centros de estudos, em Londres e Kinshasa. O sacerdote ganês acha que as congregações podem colaborar também na missão, num projeto intercongregacional.