” a Missão é de Deus, nós somos apenas instrumentos em suas mãos”, afirma o missionário filipino antónio Pernia, superior geral dos Missionários do Verbo Divino aos capitulares da Consolata, provenientes de quatro continentes
” a Missão é de Deus, nós somos apenas instrumentos em suas mãos”, afirma o missionário filipino antónio Pernia, superior geral dos Missionários do Verbo Divino aos capitulares da Consolata, provenientes de quatro continentesReunidos em Roma no 12º capítulo geral, 48 missionários da Consolata de todo o mundo, dão início ao evento com uma série de reflexões. O centro e a origem da missão não é a Igreja, mas o Reino de Deus, afirmou o missionário antónio Pernia, doutor em teologia. as mudanças na compreensão do conceito e da situação da missão questionam a prática missionária hoje. Em base aos documentos do Concílio Vaticano II, o missionário filipino destacou a mudança de perspectiva. a missão nasce da própria essência de Deus que é Trindade, é missionário. Nessa perspectiva a missão deve construir o diálogo de Deus com o mundo e com a humanidade. a missão existe porque Deus é Trindade, explicou.
O finalidade da missão não é a Igreja, mas o plano de salvação de Deus que é universal.como texto iluminativo, o missionário filipino citou a passagem do evangelho, segundo Lucas, no discurso de Jesus na Sinagoga de Nazaré, aplicando a profecia de Isaías. Levar a libertação aos povos. No tempo colonial, a conquista dos nativos era a forma e o modo de se fazer missão. Hoje, devemos pensar a missão como a acção de Deus, reconhecendo que Ele está em diálogo com toda a humanidade. O diálogo não é uma opção, mas um imperativo missiológico, conforme falam os documentos conciliares e pós-conciliares.com o surgimento de missionários vindo do sul do mundo, a Europa já não é considerada o centro. Não se trata apenas de uma situação de missão invertida, como se afirma, mas do sul ao sul.
a crescente multiculturalidade, causada pela mobilidade humana – 150 milhões de migrantes e 50 milhões de refugiados – proveniente de diversas partes do mundo, obriga as pessoas a viver na diferença e muda o rosto das nossas cidades. Por conseguinte, a missão ad Gentes já não pode ser considerada como ir para fora, que as gentes estão em todos os lugares, aqui entre nós. O conceito de missão Inter-gentes vem complementar e enriquecer o ad gentes, pensado apenas como missão ad extra: o Inter-gentes como diálogo com as gentes; como encontro entre as gentes, comunidades e grupos; missão que encontra a própria morada no meio da gente. Este conceito faz parte da inculturação e da encarnação que o próprio Cristo viveu. Só quando o missionário é capaz de se tornar um entre a gente, poderá comunicar Jesus Cristo.
Como consequência desta nova percepção da missão como inter-gentes, está o compromisso de construir uma Igreja multicultural como um instrumento de diálogo, como sinal do reino de Deus. Nasce uma Igreja mais acolhedora, casa de culturas diversas, que encoraja o respeito pelas diferenças culturais, que promove uma integração saudável entre as culturas. Por fim, antónio Parnia sublinhou que a nova visão requer quatro conversões: passar do activismo à contemplação, do individualismo à colaboração, da superioridade à humildade e da atitude de somente querer evangelizar à de ser evangelizado. O teólogo encerrou a sua reflexão com uma oração atribuída a Dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, assassinado em 1980, que recorda a centralidade da missão: a missão é de Deus, nós somos apenas instrumentos em suas mãos.