Recordo o dia da minha chegada a Maputo, a 10 de Fevereiro de 1999. Já lá vão quase doze anos
Recordo o dia da minha chegada a Maputo, a 10 de Fevereiro de 1999. Já lá vão quase doze anosao longo deste tempo, encontrei três realidades diferentes, no meu trabalho missionário, todas elas muito enriquecedoras com as suas exigências e alegrias.comecei no extremo norte de Moçambique, no Niassa. Vivi ao lado das comunidades cris­tãs da missão de Maúa e trabalhei na formação de animadores e catequistas. Encontrei um modo de ser Igreja que ainda não conhecia e que muito me marcou. ao longo de três anos, constatei que os cristãos transbordam de alegria e entusiasmo, apesar da pobreza e das limitações de vária ordem. Isolados no meio da floresta, alguns só os podia visitar depois de caminhar uma ou duas horas a pé. Vibravam com a visita do sacerdote porque, finalmente, podiam receber os sacramentos. Eu vinha de um ambiente em que os cristãos quase que pareciam adormecidos na sua fé. Participavam nos sacramentos como que obrigados e não para encontrar o centro da sua vida. Os cristãos de Maúa, na sua simplicidade e pobreza, reavivaram no meu coração a alegria de ser cristão. a segunda realidade que encontrei foi a dos jovens em formação para o sacerdócio. assumi a direcção do seminário inter-diocesano de Nampula, que serve as dioce­ses de Nampula, Nacala, Pemba e Lichinga, do norte de Moçambique. Durante três anos, vivi com estes jovens. Procurei estar a seu lado, para os auxiliar no seu caminho formativo e na descoberta da sua vocação. Valeu a pena viver desafios e dificuldades. Passados alguns anos, alguns desses primeiros jovens estão prestes a serem ordenados sacerdotes. Finalmente, foi-me confiado o cargo de administrador das actividades dos missionários da Consolata, de Moçambique. É um serviço que me permite conhecer as necessidades reais da vida missionária. Procuro exercê-lo com generosidade, apoiando os meus irmãos. Passo o meu tempo entre o escritório e a paróquia, dando o meu testemunho de vida missionária. Passados 11 anos em Moçambique, posso dizer que recebi muito, talvez muito mais do que dei. a vida missionária é uma surpresa constante, que me vai enriquecendo e vai abrindo, cada vez mais, o meu coração. À imagem de Cristo, nosso modelo, procuro acolher todos os irmãos e irmãs que Ele vai colocando no meu caminho. Faço votos para que todos os leitores da Fátima Missionária possam redescobrir a alegria e o entusiasmo de serem cristãos, através destas páginas que narram a vida real da Igreja missionária. Recebendo esta semente, deixem-na germinar nos seus corações, para poderem contagiar os seus irmãos e irmãs. Deste modo contribuirão para transformar o rosto da Igreja para que seja, cada vez mais, o rosto de Cristo.