Estava tão alto aquele altar! E os olhos da Senhora estavam ainda mais distantes…como podia Ela ouvir algum dos lamentos de Isabel? Seria possível perceber a força e esperança dos seus pedidos com nota de «Urgência?»
Estava tão alto aquele altar! E os olhos da Senhora estavam ainda mais distantes…como podia Ela ouvir algum dos lamentos de Isabel? Seria possível perceber a força e esperança dos seus pedidos com nota de «Urgência?»Mesmo duvidando da escuta, de joelhos e agarrada à sua angústia, mas buscando a solidez da sua fé, Isabel não tirava os olhos do rosto de Maria Consoladora, esperando um sinal, enquanto Lhe explicava que Ela tinha de intervir na doença do seu menino:- Maria, tu sabes que ele é tão pequenino, ainda tem tanto para viver Faço tudo o que Tu me pedires, mas cura-o. Ele é o que de mais precioso tenho, tu entendes! Se tu mo ofereceste, não mo tires. Não aguento! Não aguentamos!Ficou ali tempos, conversando, revendo momentos perfeitos que partilharam em família, frases que construíram história. E depois, já não sabia que mais dizer. Estava exausta, mas sentia-se reconfortada. Continuava a não ver nenhum sinal nos olhos de Maria Consoladora, mas sentia ter passado para os seus braços a angústia que carregava. E ficou com os seus bem mais leves. Deixou-se abandonar neste estado de quase anestesia e, aos poucos, foi ficando invadida por uma paz, que alterara o seu foco de atenção. Deu consigo a conversar novamente com Maria, com um discurso novo, agradecido:­- Obrigada, Maria! É verdade, o meu menino é também o teu menino! Sou mesmo tolinha em duvidar que me ouvirias e entenderias o meu pedido. Se eu o amo assim tanto, como não o amarás Tu, sendo o teu amor tão perfeito?! Claro que não tenho razão para estar assustada! Mas entendes, eu sei. É tão bom ter-Te connosco! Sei que o que lhe acontecer, será o melhor para ele. Isabel viu nascer dentro de si um sorriso que ultrapassava a esperança: um sorriso da certeza de ser parte de uma equipa poderosa de protecção do seu menino, porque o ama. Está pronta para dar o seu melhor e decidida a acreditar que Maria sabe e fará o que deverá ser feito. Ia despedir-se de Maria, mas decidiu fazer-lhe uma proposta:- Olha, Maria, vem comigo! Vem ficar connosco. Se estiveres connosco, sei que tudo será bem mais fácil. E Maria foi! Juntas, caminharam até casa, até ao menino de ambas. Isabel levava um sorriso leve e confiante, que tranquilizou e aliviou o pequenino. Quando Isabel o abraçou, sentiu que também Maria o estava a acolher no seu colo. Pela primeira vez, desde o início da doen­ça, Isabel pôde adormecer tranquila, agarradinha ao seu menino, experimentando o conforto de serem protegidos e amados pela Mãe de ambos.