“Concedei-nos, Senhor, que celebrando a solenidade da Ressurreição de Cristo e renovados pelo Espírito, ressuscitemos para a luz da vida”
“Concedei-nos, Senhor, que celebrando a solenidade da Ressurreição de Cristo e renovados pelo Espírito, ressuscitemos para a luz da vida”Várias vezes me perguntei em que trecho ou facto dos evangelhos vejo mais nitidamente qual é a psicologia de Jesus, como é que ele se comporta para cada um de nós. Teimosamente, vem-me à mente a visita de Jesus aos seus discípulos na margem do lago, depois da ressurreição. Jesus cumprimenta-os, comem do que pescaram e dirige-se a Pedro, perguntando-lhe três vezes: Simão, filho de João, tu amas-me?. Na minha mente vejo o pobre Pedro pensar como três vezes negara conhecer Jesus durante a Paixão. ao mesmo tempo, imagino que alguns dos outros discípulos talvez já tivessem decidido que Jesus iria tirar a Pedro o primado por causa das suas negações do Mestre. a minha maneira de agir, se estivesse no lugar de Jesus, seria dar uma boa reprimenda a Pedro pelo seu pecado. Mas Jesus, simples e amavelmente, pergunta três vezes a Pedro se Lhe tem amor. E ao receber uma resposta positiva de Pedro, Jesus ordena-lhe de apascentar as suas ovelhas e os seus cordeiros. Em vez de repreender, Jesus infunde em Pedro uma confiança ilimitada e, ao mesmo tempo, diz aos outros discípulos que, sim, Pedro continua a ter o primado entre os apóstolos do Senhor e no meio de todo o seu povo. É a isto que eu chamo a manifestação do nó central da psicologia toda do amor de Jesus. Quer dizer, é aqui que podemos compreender a infinita misericórdia, bondade e amor de Jesus para com os pecadores, para com todo o seu povo que Ele redimiu na cruz. E cada um de nós, pecadores arrependidos, como diz a segunda leitura de Páscoa, será manifestado com Cristo na sua glória (Col 1, 4).

Sem a ressurreição de Jesus não existiria o cristianismo. É ela a rocha firme da fé, de toda a acção da Igreja e dos seus membros. Logicamente, a fé do cristão não é qualquer coisa que, simplesmente, nasce no nosso coração. É um dom divino que devemos desenvolver pela prática religiosa e observando os mandamentos do amor. Nem pode a fé na ressurreição fundar-se na lógica humana, no raciocínio frio que muito qualifica e prejudica as relações humanas dos nossos dias. Sem coração, a mente humana é um robô sem o calor da amizade e do amor que, antes de tudo o resto, devem qualificar a vida da sociedade e de cada indivíduo. Só o coração iluminado pela luz de Cristo, que o Seu Espírito continuamente ateia em nós, pode vivificar o amor na sociedade.

Sem perdão não há amor, sem amor não há vida. a ressurreição do Senhor Jesus dá-nos o perdão. É o centro do nosso amor e, por isso mesmo, o centro da nossa vida. Uma vida que cada cristão, cheio de graça e de júbilo ao tornar-se ser pascal’, deve partilhar incessantemente com todos aqueles/aquelas que encontra na esteira da vida do seu coração. Ressuscitou o Senhor, tal como disse! Boas Festas, aleluia! Que a Virgem santa, terreno magnífico em que o Espírito semeou e desenvolveu o gérmen do Salvador, comunique a cada um de nós a sua fé que é causa da nossa alegria. Que ela nos ajude a viver a vida nova do nosso Redentor ressuscitado. aleluia!