Duas jovens estagiárias de Sardoal dinamizam projecto que visa promover as relações interpessoais e combater o isolamento e a solidão da população mais idosa
Duas jovens estagiárias de Sardoal dinamizam projecto que visa promover as relações interpessoais e combater o isolamento e a solidão da população mais idosaO programa dispõe de um espaço aberto preparado para actividades autónomas, como jogos de tabuleiro e actividades manuais. Funciona na sede da associação cultural Getas, entidade mentora do projecto, que acolhe as actividades de lazer e confraternização de idosos. Durante três dias da semana, o programa desenvolve um conjunto de actividades, como visionamento de filmes antigos, passagem de música de outros tempos e recolha de histórias de vida, de saberes, sabores e tradições locais, refere a agência Lusa.

andreia Valente, de 22, e Júlia Pacheco, de 31 anos, são as animadoras socioculturais do projecto. São elas que promovem a dinâmica da iniciativa que começou a funcionar a título experimental. Já com pés para andar, o projecto garante o sucesso com a receptividade, adesão e até entusiasmo manifestado pelos idosos. Os jogos de tabuleiro são os mais procurados, mas eles gostam de tudo, dos filmes antigos, das actividades de expressão plástica, das sessões de contos, tradições e lendas, das aulas de ginástica e, claro, jogar ao dominó, sueca, damas e ao jogo do burro, ou da malha, disse à Lusa Júlia Pacheco. No fundo o que os idosos querem é atenção, carinhos e companhia, uma necessidade para a qual as gerações mais novas não têm muito tempo. E explicou que foi a partir desta constatação que surgiu a ideia de apresentar uma proposta de estágio para trabalhar com pessoas envelhecidas e que passavam os seus dias em casa, no banco da rua ou no jardim.

Combater o isolamento e promover as relações comunitárias, humanas e solidárias entre a população sénior é uma forma de melhorar a sua qualidade de vida mas também a nossa e a das gerações futuras, vincou Júlia Pacheco. através da recolha de saberes, de histórias, lendas ou receitas antigas, para que não se percam as tradições, fortalece-se o vínculo intergeracional. Manuel Vira, 70 anos, disse à Lusa que o mais importante é o poder distrair e passar o tempo sem estar sozinho. Já Joaquim Silva, de 78 anos, destaca o interesse pelos combates travados à mesa do dominó. Sou um campeão ao dominó, mas a minha neta já não quer jogar comigo, diz que estou sempre a contar as pedras. Se não as contar como é que sei as que estão de fora?, conta, com uma gargalhada. andreia Valente, 21 anos, lembrou que a ideia de trabalhar com idosos surgiu no Inverno, altura do ano mais propensa para o isolamento e solidão. Estou a adorar e vamos querer continuar com este programa para sempre. E conclui que este trabalho intergeracional é uma lição de vida.