a notícia concretizou-se esta semana, já está a ser negociada a ajuda económica (resgate) a Portugal. Será suficiente ou precisaremos de algo mais duradoiro? Como foi possível que o nosso país tivesse caí­do num abismo económico, a tal ponto que o Governo português necessite da ajuda externa para pagar o que deve?
a notícia concretizou-se esta semana, já está a ser negociada a ajuda económica (resgate) a Portugal. Será suficiente ou precisaremos de algo mais duradoiro? Como foi possível que o nosso país tivesse caí­do num abismo económico, a tal ponto que o Governo português necessite da ajuda externa para pagar o que deve? O pedido do Governo tem em vista o empréstimo financeiro para pagamento da dívida portuguesa, mas onde está o plano económico (criação de riqueza) que permita depois fazê-lo? a criação de um plano de desenvolvimento do país era da responsabilidade dos Governos que assumiram as rédeas de Portugal, qual foi o executivo que o fez? Se tal tivesse acontecido, muito possivelmente não estaríamos na situação crítica em que nos encontramos. Os economistas saberão explicar melhor o estado das coisas de uma forma técnica e fiável, os políticos tentarão justificá-lo de acordo com as cores partidárias, mas nós vamos tentar ir ao fundo da questão.
Esta crise económica deriva da falta de um Fundo Moral Interior (FMI) que se perdeu há muito na sociedade portuguesa, consequência de uma liberdade que surgiu com o 25 de abril, e que as pessoas e instituições interpretaram de acordo com os seus interesses. Criou-se e expandiu-se o culto da liberdade sem responsabilidade em quase todos os sectores da vida do país, mas pior que isso, fizeram-se leis para defesa dos direitos individuais e colectivos daqueles que não cumprem, ostracizando os direitos dos cumpridores. Não é difícil de constatar isso nos sectores políticos e económicos, mas se olharmos para a educação, justiça, saúde e muitos outros, facilmente concluímos que o país navega à vista, colocando sempre os aspectos morais para segundo plano.

O Estado preocupou-se sempre em impor o cumprimento da Constituição (CP) aos cidadãos, mas eximiu-se de o fazer naquilo que lhe competia, sobretudo nas metas sociais traçadas pela mesma. Exemplo disso é o respeito dos direitos do cidadão a uma vida melhor que a CP garante, mas que na prática acaba por ser letra morta, porque a primeira exigência do “poder” centra-se na obrigação do pagamento dos impostos por parte do cidadão. Por outro lado, a prática social quer de responsáveis do Governo – e da maior parte das instituições a ele ligadas – quer da sociedade civil, elegeu como prioridade a obtenção de melhores condições económicas, passando por cima das mais elementares regras de justiça, da moral (e até da Lei), a que as pessoas têm direito.

Para conseguirmos ultrapassar esta crise na vida portuguesa apenas temos uma solução: a verdade. Só dessa forma, conhecendo a gravidade da situação que atravessamos e investindo na procura de vias alternativas, conseguiremos “aguentar” as regras do FMI (Fundo Monetário Internacional) durante os 10 anos previstos que estaremos sob a sua tutela. Há que traçar caminhos alicerçados em valores morais para a sociedade e para o indivíduo, não esquecendo o apoio das instituições governamentais e outras, às iniciativas criadoras de riqueza. Precisamos do peixe, mas alguém terá que nos dar a cana (se não derem, teremos que a arranjar) para o pescar, pois só assim sobreviveremos.