Faz hoje um mês o sismo que devastou o Japão. Ocorrido a 11 de Março, o desastre trouxe muita solidariedade e é o começo de um novo país, segundo afirmou Jaime Coelho, um sacerdote que reside no país há 51 anos
Faz hoje um mês o sismo que devastou o Japão. Ocorrido a 11 de Março, o desastre trouxe muita solidariedade e é o começo de um novo país, segundo afirmou Jaime Coelho, um sacerdote que reside no país há 51 anosO ambiente é de tristeza, mas também de muito boa vontade e colaboração das outras províncias em relação às do nordeste que foram as mais afectadas pelo sismo e tsunami, disse à agência Lusa o padre português. Jaime Coelho considera que o sismo mais forte, que sentiu nos 51 anos em que reside naquele país asiático, trouxe muita solidariedade, muita generosidade, foi uma grande desgraça para o Japão e também o começo de um novo Japão.

Quando chegou ao país para espalhar a mensagem de Jesus, Jaime Coelho ficou surpreendido com a capacidade dos japoneses respeitarem o outro e saberem lutar quando há dificuldades. O sacerdote sublinhou que em organização, o Japão é o número um no mundo, lembrando que os japoneses estão habituados aos tremores de terra e não reagem com aquele terror do estrangeiro. Mas para o sacerdote, autor de um dicionário japonês-português e que está a preparar um outro de português-japonês, o grande mal do Japão é não se fazer cristão, porque é um povo que sorri muito, mas é também um povo triste.

Eles dizem que têm inveja da alegria dos filipinos, explicou Jaime Coelho ao justificar esta situação pelo facto de os japoneses não acreditarem em Deus. Explicou: Eles têm muitos problemas em se relacionarem uns com os outros, não se consideram irmãos e irmãs ou filhos do mesmo Deus. O padre exemplificou esta situação com o facto de muitos dos refugiados que dormem em abrigos nas zonas devastadas pelo tsunami se terem lembrado de fazerem divisões com plásticos para que não se vissem uns aos outros: acho que em Portugal reagiriam de outra maneira, porque somos todos irmãos e irmãos, observou.

O budismo é a principal religião do Japão, seguindo-se o xintoísmo, existindo apenas cerca de 500 mil japoneses católicos entre uma população de 127 milhões de pessoas. Mas para Jaime Coelho o facto de os japoneses não acreditarem em Deus pode também ser uma força, porque às vezes reza-se e não se faz mais nada e os japoneses realmente fazem tudo para resolverem os seus problemas, salientou. Se não se tivesse erradicado quase completamente a religião cristã, no século XVI, o Japão seria hoje um país mais feliz e mais alegre e talvez um país mais cristão ou tão cristão como as Filipinas. O sacerdote pretende continuar a dedicar o resto da sua vida à missão de evangelizar aquele país. ando a colar um cartaz nas estações de comboio a pedir a conversão do imperador e da família imperial, o que está a causar alguma celeuma, porque para os japoneses o imperador não precisa de salvação, ele é o Deus, disse à Lusa o sacerdote.