a minha água tornar-se-á uma torrente a jorrar para a vida eterna. Eu vim ao mundo para que os que não vêem, fiquem a ver. Lázaro, sai cá para fora, e vive!, afirma Jesus Cristo nos evangelhos do terceiro, quarto e quinto domingos da Quaresma
a minha água tornar-se-á uma torrente a jorrar para a vida eterna. Eu vim ao mundo para que os que não vêem, fiquem a ver. Lázaro, sai cá para fora, e vive!, afirma Jesus Cristo nos evangelhos do terceiro, quarto e quinto domingos da Quaresma a liturgia tem-nos levado a contemplar, no evangelho, algumas das verdades fundamentais da nossa vida de cristãos. Neste quinto domingo, atinge a mais alta verdade da nossa existência.com a ressurreição de Lázaro, a liturgia conduz-nos ao apogeu da alegria e da glória do ser humano: a vida, que é o maior dom que Deus nos concedeu, do qual depende tudo o resto para nós. É interessante conversar com tantos peregrinos que vêm ao Santuário de Fátima. Dizem-nos encontrar aqui uma fonte de vida, um reencontrar a própria existência através do prisma da felicidade que nos traz o dom de Deus. Pessoas que, aqui, tomam a decisão de serem pedras vivas da sociedade. Gente que compreende que fechar-se em si próprio só conduz à solidão causada pelo egoísmo, num mundo que estrebucha nos estertores da doença e da morte económica, familiar, individual, e especialmente espiritual. E tantos compreendem a verdade suprema, e naturalmente lógica, da presença de Deus no indivíduo e na comunidade social.
Muitas são também as enfermidades espirituais que, por vezes, levam a uma morte causada pelo desespero. O sepulcro de Lázaro no evangelho de hoje é imenso: nele moram as negações de Deus, as aberrações imorais, a violência que está a engrossar pelo mundo além, a falta de amor nas famílias, o martelar satânico de ideias mil sem-Deus’. a própria Natureza se revolta contra o orgulho ateu daqueles que lançam no esquecimento o Criador. O cristão é sempre centelha de vida a acender fogos de fé e de esperança que se lançam na corrente enorme do amor. Mas importa escutar. Por toda a parte, e continuamente, ecoa o grito de Cristo: Lázaro, sai cá para fora!. Vive! Deixa o sepulcro do orgulho que apaga Deus em ti. É inefável! Disse a Palavra, Cristo: Há imensa alegria no céu por cada pecador que se converte. Por estranho que pareça, o nosso Deus é um Deus que está sempre pronto a perdoar, que se compraz em perdoar a todos os pecadores, que sente alegria quando perdoa. Que perdoa não porque nós somos sempre fiéis, mas porque Ele é sempre fiel às suas promessas de perdão, um Deus para quem perdoar é o triunfo do seu amor (Miqueias; salmo 103).
Penso finalmente na alegria que deve ter explodido na casa de Lázaro ao vê-lo, de novo, em vida. O mesmo deveria acontecer connosco: sentirmos a alegria de ver alguém que ajudámos a superar a solidão, a tristeza, a pobreza, o desprezo dos outros. E saber que Cristo é, afinal, a solução de todas as dificuldades.