Walter Kasper, garante que “só o cristianismo conseguiu reunir os povos e tribos”, contribuindo para criar “um espaço cultural amplo mas em si mesmo fortemente poliédrico”
Walter Kasper, garante que “só o cristianismo conseguiu reunir os povos e tribos”, contribuindo para criar “um espaço cultural amplo mas em si mesmo fortemente poliédrico”Falando num colóquio em Subiáco, Itália, o presidente emérito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Walter Kasper, classificou o diálogo ecuménico entre cristãos o elemento fundamental para a construção da Europa. O presidente emérito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos recordou que foram os caminhos de peregrinação, as grandes ordens monásticas, e as universidades a unir a Europa. Foi o cristianismo que uniu a Europa. Quem desconhece esta origem ou quem consta as raízes cristãs do velho continente, deveria fazer uma viagem de Gibraltar até à Estónia, passando pró Espanha, França, alemanha, Polónia, e da antiga Constantinopla até Moscovo, passando por Kiev, aconselha o cardeal. Por todo o lado, encontrará catedrais, a cruz, imagens de Nossa Senhora e representações de santos, que são comuns aos povos europeus até aos dias de hoje. a Europa tem raízes cristãs; sem o cristianismo, a Europa não seria Europa.

É desta cultura europeia que brota o reconhecimento da dignidade de cada ser humano, a ideia da solidariedade entre os seres humanos, de igualdade e de fraternidade, explica o cardeal alemão. Faz parte desta cultura a monogamia, que fundou a cultura da família como célula da sociedade, uma célula que hoje está em crise e que, por sua vez, se faz naturalmente crise da nossa sociedade e da nossa cultura europeia. São estes para Walter Kasper os valores principais pelos quais a Europa deve agradecer ao cristianismo; valores que permaneceram para além das divisões posteriores da cristandade. Pelo que o cardeal aconselha que a redescoberta destas raízes comuns da Europa deve e pode acontecer hoje em conjunto, ecumenicamente.

O movimento ecuménico dos últimos decénios, segundo o cardeal Walter Kasper, não nos ofereceu ainda a comunhão completa entre as Igrejas divididas, mas já alcançámos uma certa unidade da cristandade, já não nos vemos como inimigos, apesar de todas as diferenças, mas como irmãos e irmãs que receberam uma herança comum e iniciaram uma certa cooperação no plano social, cultural e político. E acrescenta: Sobretudo as Igrejas orientais, o Patriarcado Ecuménico, assim como Patriarcado de Moscovo, estão decididos a cooperar connosco em prol da redescoberta e da salvaguarda dos valores comuns europeus.

Tido como um dos mais importantes cardeais da Igreja católica, Walter Kasper é contemporâneo dos também alemães Joseph Ratzinger e Karl Lehmann. Os seus comentários e tomadas de posição causam, por vezes, alguma celeuma, como aconteceu antes da recente visita do Papa à Grã-Bretanha. O cardeal mencionou o novo ateísmo agressivo do Reino Unido, nação que classificou de secular e pluralista.com um raro sentido de humor, o cardeal Walter Kasper contou num encontro de formação de leigos em Roma, que o que mais lhe custou fazer enquanto responsável pelo Conselho Pontifício da Unidade dos Cristãos, foi beber vodka nos encontros com os líderes da Igreja Ortodoxa Russa. Um metropolita russo insistiu, em certa ocasião que o cardeal devia beber vodka ao pequeno-almoço. O que valeu foi que a vodka era bastante boa, comentou o cardeal.