Depois da II Guerra Mundial – e das bombas atómicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki – geraram-se grandes esperanças no nuclear para fins Pacíficos, nomeadamente produção de electricidade
Depois da II Guerra Mundial – e das bombas atómicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki – geraram-se grandes esperanças no nuclear para fins Pacíficos, nomeadamente produção de electricidadeRecordo que, além da CEE (Comunidade Económica Europeia) e da CEC a (Comunidade Europeia do Carvão e do aço), entre os antepassados da União Europeia contava-se a Comunidade Europeia de Energia atómica (Euratom), cujo símbolo ainda se encontra bem à vista em Bruxelas. De facto, vários países, como a França, os Estados Unidos, o Japão e até a nossa vizinha Espanha, construíram centrais nucleares. Mas o entusiasmo pela energia nuclear arrefeceu com o desastre de 1979 em Three Mile Island, nos Estados Unidos, que levou à evacuação de 140 mil pessoas por causa da radioactividade. O desastre de Chernobyl (Ucrânia) em 1986, que matou e ainda mata muita gente, agravou os receios face ao nuclear e quase suspendeu a construção de novas centrais. Nos últimos anos regressaram as vozes em defesa do recurso à energia nuclear, incluindo em Portugal. Num mundo dependente do petróleo e do gás natural, como fontes energéticas, o nuclear oferece algumas vantagens: ao contrário do crude, não está concentrado em zonas de alto risco político, como o Médio Oriente, e por isso o seu preço não sofre altas dramáticas; e não emite CO2. a tecnologia das centrais nucleares progrediu, levando alguns a assegurar que o risco de fugas radioactivas se teria tornado muito pequeno. Permanecia, sim, a incapacidade de dar destino seguro aos resíduos radioactivos das centrais. O regresso do nuclear foi agora travado com o apocalipse (na expressão de um comissário europeu) acontecido no Japão. Os japoneses tomam precauções quanto aos sismos, na construção sobretudo; mas quatro das suas 17 centrais nucleares situam-se em zonas de alto risco sísmico. Foi aí que aconteceram agora as terríveis fugas de radioactividade, desmentindo a alegada segurança das modernas centrais. O desastre já levou ao encerramento das centrais nucleares mais antigas, um pouco por todo o mundo, e ao reforço das medidas de segurança nas que se mantêm a funcionar. E levou também a suspender a construção de novas centrais. É uma atitude razoável. a energia nuclear ainda não dá garantias de segurança. Não deve ser posta de lado dogmaticamente, decerto, mas apenas se deverá avançar quando existirem tais garantias, se é que elas, um dia, existirão. E será preciso desconfiar de quem tem interesses pessoais ou empresariais na energia nuclear. É que eles já nos garantiram que o nuclear era seguro – e depois viu-se. até quando começou a crise nas centrais japonesas apareceu quem desvalorizasse a gravidade do caso. Cuidado, pois