Está a decorrer a Semana Nacional da Cáritas que este ano tem como tema de reflexão «Ser solidário, ser voluntário». Peditório de rua e outras atividades marcam a semana
Está a decorrer a Semana Nacional da Cáritas que este ano tem como tema de reflexão «Ser solidário, ser voluntário». Peditório de rua e outras atividades marcam a semanaO papel das Organizações Não Governamentais (ONG) em Portugal está longe de ser devidamente apreciado e apoiado pelos poderes públicos, mas a verdade é que a sua eficiência no terreno, sobretudo junto dos mais carenciados, tornou-se uma realidade absolutamente necessária. O Estado tem as suas políticas sociais, que podem ser boas ou não, mas que ficam sempre aquém das necessidades de uma sociedade maioritariamente pobre, com tendência a aumentar, em função da actual crise nacional.
É neste contexto que estas organizações desenvolvem o seu trabalho, a maior parte através do serviço prestado por pessoas de boa vontade (voluntários) que dedicam com amor o seu tempo em favor do próximo. a Cáritas portuguesa fundamenta a sua actuação no respeito pelo ser humano, mas baseado no Evangelho e na Doutrina Social da Igreja. a sua dimensão abrangente das dioceses portuguesas (20 Cáritas Diocesanas) permite-lhe uma cobertura alargada, mas ao mesmo tempo realista, pois as paróquias são a ligação com as pessoas no conhecimento dos problemas e na ajuda para a solução.

a organização tem uma acção vasta na promoção social do indivíduo e das famílias, no suprir das suas necessidades económicas e outras. assume os princípios da universalidade e radicalidade em favor dos mais pobres através da animação social, da formação e da partilha cristã dos bens. Congrega e luta por uma sociedade mais justa ao lado daqueles que são atingidos por qualquer forma de pobreza ou exclusão social, não distinguindo origens, culturas, crenças ou etnias.

a sua missão pode sintetizar-se em quatro vertentes: a assistência, a promoção, o desenvolvimento e a transformação social. Na era da globalização a caridade ganha uma dimensão universal, o que cria a estas organizações de índole cristã novos desafios internos e externos, dado a premência de um maior sentido de responsabilidade na forma de actuar, levando até aos mais carenciados o cerne da mensagem do Evangelho.

a gestão caritativa terá que ser isenta de todos os preconceitos, nunca manipuladora, mas respeitadora da individualidade da pessoa, procurando através da cultura de valorização do trabalho – tanto para prestadores, como para receptores – um meio sensível e eficaz para o encontro do humano com o divino. Tendo essa perspectiva em conta, é louvável a procura da inovação da sua acção no sentido de criar uma maior consciência social para valores diferentes – não menos importantes – como por exemplo a justiça, a educação, a responsabilidade da partilha equitativa, a complementaridade com outras instituições.

Há um aspecto que deve merecer cada vez mais um esforço especial por parte das organizações cristãs: dar voz e visibilidade aos mais carenciados e marginalizados da sociedade, sobretudo através de iniciativas e condições favoráveis. Será um meio que lhes permitirá exprimir-se em liberdade e responsabilidade, assumindo-se como sujeitos do seu próprio percurso de vida. a caridade não é algo que deixemos apenas para os outros, cabe a cada um de nós assumir a sua quota-parte colaborando, ou pelo menos incentivando de acordo com as nossas condições pessoais.