Henriqueta Cavalcante, religiosa e coordenadora da Comissão de Justiça e Paz do amapá e Pará, corre perigo de vida há dois anos. «Não sei mais o que é viver em paz», garante
Henriqueta Cavalcante, religiosa e coordenadora da Comissão de Justiça e Paz do amapá e Pará, corre perigo de vida há dois anos. «Não sei mais o que é viver em paz», garante a assessoria de imprensa da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) informa que a religiosa contribuiu para os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre pedofilia na assembleia Legislativa do Pará, que resultou na prisão de vários envolvidos. Desde então, a religiosa tem vindo a receber telefonemas ameaçadores.

Estou jurada desde 2009 quando denunciamos um ex-deputado por práticas de pedofilia no estado do Pará. Ele foi condenado a 21 anos de prisão. De lá para cá não sei mais o que é viver em paz. O Estado é omisso na protecção dos defensores dos Direitos Humanos, declarou, à assessoria de imprensa da CNBB.

Mesmo estando inscrita no Programa Nacional de Protecção dos Defensores de Direitos Humanos, a religiosa não recebeu nenhum tipo de protecção do Estado até o momento. Estou numa situação de vulnerabilidade total. Trabalho contra as redes de pedofilia, tráfico de seres humanos e de drogas, trabalho escravo e piratarias nos rios do Pará. Eu e mais 13 pessoas estamos incluídos no programa de protecção do Estado, mas não recebemos nenhum tipo de protecção, garante.

Henriqueta Cavalcante viu o seu trabalho na Comissão de Justiça e Paz (CJP) reconhecido várias vezes. Em 2009, recebeu a Medalha de Mérito Comunitário João Meneses, conferida pela assembleia Legislativa do Pará. O prémio é destinado às pessoas que se destacam na actuação em defesa da sociedade e realização de trabalhos sociais no estado. além do Mérito Comunitário, a coordenadora da CJP foi agraciada ainda com a medalha de Mérito Legislativo Newton Miranda, pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos.

Segundo Orlanda Rodrigues, secretária executiva do Regional Norte 2 da CNBB, desde Janeiro, mais seis pessoas foram ameaçadas de morte no estado. Estou muito preocupada com a condição de abrigo do Regional, pois a sede do Regional Norte 2 da CNBB, em Belém, é o primeiro lugar onde os afligidos pelos crimes de pedofilia e tráfico de seres humanos vão. Eles nos procuram e relatam os crimes bárbaros de que foram vítimas. Pedem-nos ajuda e protecção, mas como daremos a tal protecção, se nós mesmos não a temos?, indica a secretária.