«Falar da Quaresma parece hoje desnecessário, tão grandes são as privações e os sofrimentos com que andamos esmagados. Todavia, os sofrimentos não constituem por si mesmos exercícios quaresmais, nem a Quaresma é propriamente uma soma de martí­rios»
«Falar da Quaresma parece hoje desnecessário, tão grandes são as privações e os sofrimentos com que andamos esmagados. Todavia, os sofrimentos não constituem por si mesmos exercícios quaresmais, nem a Quaresma é propriamente uma soma de martí­rios»Estes sofrimentos são sintomas de que algo vai mal na sociedade, e o cristão deve fazer suas as alegrias e as esperanças do mundo em que vive, lembram os bispos de Vila Real, da Gaudium et Spes, na mensagem para esta Quaresma . Este tempo de 40 dias, de preparação para a Páscoa, deve ser um tempo longo de reflexão e de exercícios espirituais que educam a fé recebida no Baptismo e reconduzem ao amor de Deus e aos outros, numa gradual conversão de cada um e da vida em sociedade, afirmam o bispo de Vila Real e o seu coadjutor.

Joaquim GonçAlves, e amândio Tomás realçam que a sociedade está a tentar organizar-se sem valores éticos e religiosos que, para muita gente, parecem supérfluos e mesmo um entrave. Mas, lembram os prelados, nesta sociedade falta calor e vida, como se andássemos todos cansados, com frio e sem nunca alcançar o sol.

Estruturas que não funcionam, divórcios, violência, pais que matam os filhos e filhos que matam os pais, empresas públicas que acumulam lucros enormes com bens indispensáveis aos cidadãos, milhares de abortos oficializados com despesas superiores a muitos subsídios familiares, mecanismos que afastam as pessoas em vez de as aproximar, legalização de casamentos que são estrutura de egoísmo, idosos abandonados e candidatos ao suicídio, dizem os bispos no retrato da sociedade actual, defendendo que o progresso técnico não coincide com a paz e a alegria.

além da oração diária, da abstinência às sextas feiras e da partilha de bens, que os pais devem transmitir aos seus filhos, cada um é convidado a descobrir novos modos de rezar e de viver a renúncia, desde o uso exagerado da net e dos computadores até ao esbanjamento de dinheiro e das horas da noite, realçam. a renúncia quaresmal deste ano será enviada para o Fundo Solidário Social da Conferência Episcopal, de que a diocese já tem beneficiado.