O ex-presidente tunisino, Bem ali, fugiu a 14 de Janeiro. Volvidos dois meses, a democracia dá os primeiros passos, mas os homens de revolução estão conscientes que o mais difícil está para vir, até ás eleições livres, marcadas para 24 de Julho próximo
O ex-presidente tunisino, Bem ali, fugiu a 14 de Janeiro. Volvidos dois meses, a democracia dá os primeiros passos, mas os homens de revolução estão conscientes que o mais difícil está para vir, até ás eleições livres, marcadas para 24 de Julho próximoEm 60 dias, com mortos e sobressaltos, a nova Tunísia, que deu o mote revolucionário ao mundo árabe, já vai no terceiro primeiro-ministro. Está a preparar-se para as primeiras eleições livres da sua história após a independência, que terão lugar a 24 de Julho de 2011 e que escolherá uma assembleia para redigir a nova constituição. Trata-se de um espaço de tempo muito curto, segundo os analistas políticos, uma vez que há numerosos partidos, incluindo islamistas, alguns deles sem programa, a baterem á porta da democracia para serem legalizados.
Entretanto foi necessário re-nacionalizar, à pressa, uma Tunísia privatizada pelo casal presidencial, Ben ali. O processo foi tão rápido, à semelhança do que fizera o ex-presidente que, a 7 de Novembro de 1987, se apressara a apagar rapidamente todo e qualquer rasto do seu predecessor deposto por ele, Habib Bourguiba. O algarismo 7 tornara-se um número mágico para Ben ali. as fotos do casal presidencial foram removidas, as ruas re-baptizadas, os homens do presidente presos. as primeiras condenações já começaram a chegar. Onde quer que seja, fala-se em público e sem medo. Durante dois meses os fautores da revolução não deram tréguas aos novos dirigentes receosos de se verem despojados de uma vitória arrancada a preço de centenas de mortos. É necessário dar provas ao povo que a sua revolução não será confiscada, explica um político.
Passadas as primeiras tempestades, regressou a calma, as greves e as manifestações pararam, e o país regressou ao trabalho. Patronato e sindicatos decidiram dar as mãos e juntar-se às autoridades. Ninguém esqueceu que a vaga revolucionária surgiu do país profundo mergulhado no desemprego, longe de Tunis. Mas a interrogação subsiste: Que fazer desta revolução e com quem? Ninguém se arrisca a fazer prognósticos sobre o rosto da nova assembleia e, até lá, a Tunísia vai navegar sem constituição e com um parlamento provisório. a transição é uma tarefa difícil e arriscada, mas nós conseguiremos, garantiu o segundo primeiro-ministro de transição, Béji Caid Essebsi.