Uma comitiva indígena está na Europa, alertando para os problemas dos povos da região da amazónia. as populações indígenas reclamam um plano de desenvolvimento que preserve o ambiente e lhes garanta a subsistência e a preservação da vida
Uma comitiva indígena está na Europa, alertando para os problemas dos povos da região da amazónia. as populações indígenas reclamam um plano de desenvolvimento que preserve o ambiente e lhes garanta a subsistência e a preservação da vidaPrecisamos de ter um plano, a médio e longo prazo, de desenvolvimento [para a amazónia], declarou almir Suruí, um indígena da comunidade Suruí, que habita o estado brasileiro de Rondônia. Uma comitiva de sensibilização está em viagem pela Europa. além de almir, Ruth Buendia Mestoquiari, uma índia ashaninka, do Peru, e Sheyla Juruna, uma índia juruna da região do Xingu, visitam vários países para falar sobre o impacto negativo da construção de barragens hidroeléctricas nas suas terras. a comitiva já passou por Oslo e Genebra, onde se encontraram com representantes das Nações Unidas. Nós precisamos de ter uma visão de como fazer um desenvolvimento justo, que respeite o direito de viver de todos e que também garanta a sustentabilidade futura do meio ambiente, sublinhou o líder indígena almir Suruí, em declarações à Lusa, por telefone. Existe potencial na biodiversidade que pode trazer, de outras maneiras, o desenvolvimento e fortalecimento da economia local, nacional e internacional. Na Rondônia, está a ser construído o Complexo do Rio Madeira, que inclui duas hidroeléctricas. Segundo almir Suruí, estes e outros grandes projectos são desenvolvidos, devido ao interesse de certos grupos, sejam políticos ou os que comandam a economia. Estas obras estão a deslocar milhares de pessoas para a Rondônia, que não tem condições para proporcionar estruturas de saúde, transportes e habitação para todos, além da ameaça de invasão das terras indígenas e a prostituição, inclusive de menores, na região. São estas consequências que queremos evitar e é um exemplo do que pode acontecer se o projecto da hidroeléctrica de Belo Monte [a ser construída no estado do Pará e que será a terceira maior do mundo] for concretizado, explicou almir Suruí. a comitiva pretende dar a conhecer na Europa a realidade que se passa na região [amazónica], especialmente no Xingu, sobre a questão de Belo Monte, sobre a violação dos direitos dos indígenas e como o governo brasileiro está a tratar as populações, o desrespeito aos nossos direitos, referiu Sheyla Juruna. a índia brasileira sublinhou que os povos indígenas não foram ouvidos sobre a construção da barragem, que trará uma destruição irreparável à região. Ruth Buendia Mestoquiari declarou temer que a hidroeléctrica de Pakitzapango, no rio Ene, no Peru, acabe por adoptar este modelo de construção de barragens do Brasil, receando a violação dos direitos dos índios e a invasão das suas terras. Os indígenas, que estão na Europa desde 19 de Fevereiro, vão participar num protesto, na próxima quarta-feira, 2 de Março, em Londres, tendo também um encontro agendado com os parlamentares britânicos. Na quinta-feira, almir volta a Genebra, onde terá conversações para um projecto de reflorestação que está a ser desenvolvido nas terras dos Suruís, enquanto Ruth e Sheyla regressam ao Peru e ao Brasil, respectivamente.