a nossa sociedade atira a terceira idade para um canto, como algo que não presta
a nossa sociedade atira a terceira idade para um canto, como algo que não presta Quem está atento à comunicação social constata que nas últimas semanas se têm multiplicado os casos de idosos que morrem sem qualquer acompanhamento, completamente sós. O isolamento é pernicioso e são poucas as pessoas que o adoptam como solução, desde que em seu perfeito juízo. O ser humano é naturalmente sociável, repele a solidão, tende para a procura da companhia de outros e quando tal não se verifica, é por que a sociedade não funciona bem. O isolamento das pessoas pode acontecer em qualquer período da vida, mas é mais vincado na velhice, exactamente quando se pode tornar mais prejudicial. a sociedade ainda não despertou para a necessidade de proteger os mais fracos e carentes através de novas práticas individuais e colectivas. Estes não se podem proteger a si próprios, sejam novos ou velhos, precisam sempre da ajuda de terceiros. as Leis deste país concedem direitos e garantias ao cidadão, mas são pouco claras ao por em prática essas prerrogativas. a primazia do indivíduo é o espírito da Lei, mas apenas aplicável de acordo com as conveniências de grupos, pessoas ou sociedade dominante. Há um tipo de isolamento a que devemos estar mais atentos, é aquele que atinge as pessoas de idade que foram perdendo os seus, companheiro/a, filhos ou outros familiares e até conhecidos. É muito importante renovar alguns valores que se foram perdendo, por exemplo, o espírito de vizinhança, que permite um conhecimento e entreajuda inestimáveis, mesmo correndo alguns riscos que deverão ser acautelados. a Igreja parece ter começado a equacionar melhor a desdita de tantos que chegam ao fim da vida e não têm um mínimo de assistência, não apenas caritativa, mas também espiritual, daí os alertas feitos na última semana e que se inserem perfeitamente na sua missão. Os missionários da Consolata elegeram este ano como ano europeu do voluntariado – vai e faz também o mesmo. Que excelente oportunidade temos para por em prática, através do voluntariado, o apoio aos mais isolados, tenham eles a idade que tiverem, mas especialmente aqueles que se encaminham para a recta final da vida e que, normalmente, são os que mais carecem de tudo, ou quase tudo.