Vitalidade da Igreja manifesta-se no exercício dos ministérios laicais. Prelados denunciam, sem meios-termos, a tendência de regresso do país ao mono-partidarismo
Vitalidade da Igreja manifesta-se no exercício dos ministérios laicais. Prelados denunciam, sem meios-termos, a tendência de regresso do país ao mono-partidarismo a Conferência Episcopal de Moçambique reuniu no seminário maior de Santo agostinho, na Matola, nos arredores de Maputo, para avaliar o andamento e a vida da Igreja de Moçambique e da sociedade, ao longo do ano Pastoral de 2010. No comunicado final: Reacender o dom de Deus, apresentam o fruto da sua reflexão, às comunidades cristãs e a todos os homens e mulheres de boa vontade. Dos relatórios anuais de cada diocese e das Comissões Episcopais emerge o trabalho levado a cabo nos diversos sectores da vida da Igreja em Moçambique. No documento consta uma análise global da sociedade. Ressaltam os sinais de vitalidade, como a participação, cada vez mais consciente e activa, dos fiéis nos actos litúrgicos, na vida sacramental, salientando-se os milhares de baptismos realizados ao longo do ano e, em particular, o aumento dos matrimónios católicos. a vitalidade manifesta-se ainda no exercício dos diversos ministérios, laicais. De salientar a actividade dos bispos, com as visitas, muito concorridas e muito vividas pelas comunidades. a formação de agentes pastorais, na qual a paróquia do Guiúa está particularmente envolvida, foi identificada como uma actividade dominante na vida das dioceses, promovendo o aumento do número e a capacidade dos animadores das comunidades e ministros para os diversos serviços eclesiais e sociais. O crescimento numérico e qualitativo das comunidades cristãs, em várias dioceses, é outro sinal animador. No documento, constam também as preocupações e dificuldades: as zonas de primeira evangelização, de difícil acesso, sem presença missionária, evidenciam a falta e a insuficiência dos agentes pastorais. No que se refere à sociedade, em geral, foi acolhida com agrado a expansão da rede escolar, apesar de ser ainda insuficiente, sobretudo no ensino secundário. a qualidade do ensino, a todos os níveis, é preocupante. O documento reconhece o esforço em criar novas unidades sanitárias e melhorar a rede eléctrica, mas ainda falta água, sobretudo água potável. Salientou-se a notória preocupação em melhorar as vias de comunicação, que ainda são um constrangimento grave; o melhoramento físico das cidades e a facilitação na prestação dos serviços públicos ao cidadão e outros progressos. São passos importantes, porque significam o alívio da pobreza e meio caminho andado rumo ao desenvolvimento, muito aquém do mínimo desejável, quando ainda existem bolsas de fome no país. a malária continua a matar, sobretudo no interior, apesar das estatísticas optimistas; a pandemia do HIV/SID a expande-se, ao ponto de se poder dizer que a devastação escapa ao controle das estatísticas. De forma acutilante, foram apontados – e reputados de muito graves – os problemas da desflorestação, da eliminação espécies faunísticas e da pilhagem das espécies marítimas. Os Bispos denunciam que está a contribuir para a fome o abandono da produção da comida a favor das culturas de rendimento: algodão, tabaco, cana-de-açúcar e plantas para bio-combustível. Outros aspectos sociais preocupantes são o tráfico de seres e órgãos humanos e o banditismo. Os linchamentos são um mal sem remédio, enquanto não se descobrir e não houver vontade de eliminar as suas causas. Há ainda o problema do impacto negativo dos mega-projectos, na degradação e poluição do meio ambiente. Expropriando as terras, obriga-se as populações a deslocarem-se para zonas desfavoráveis, deixando-as sem nenhum meio para o seu sustento.com coragem profética os bispos denunciam, sem meios-termos, a tendência de regresso ao mono-partidarismo em Moçambique. Focando a sua atenção sobre a revisão da Constituição moçambicana em curso, como um momento e um exercício delicado, os bispos querem acreditar que a maturidade e a honestidade dos políticos prevalecerão e que este exercício será uma oportunidade para Moçambique dar um verdadeiro exemplo de democracia.