Francisco Lerma, bispo de Gurué, Moçambique, e missionário da Consolata, fala da missão, nos dias de hoje, e sobre a importância da Peregrinação da família Missionária da Consolata a Fátima
Francisco Lerma, bispo de Gurué, Moçambique, e missionário da Consolata, fala da missão, nos dias de hoje, e sobre a importância da Peregrinação da família Missionária da Consolata a FátimaF. M: Que relaçãoestabelece entre a missão e a peregrinação anual da Família Missionária da Consolata a Fátima?R: a peregrinação da Família Missionária da Consolata a Fátima, segundo o meu parecer, põe em destaque a dupla dimensão do nosso carisma: missionário e mariano. Peregrinar em si é pôr-se a caminho, sair da normalidade dos nossos dias, ir ao encontro do outro, de realidades que nos purifiquem, nos fortifiquem e nos renovem; peregrinar é superar fronteiras do dia-a-dia e abrir-se aos outros, ao “Outro”, a Deus, à sua vontade e, a seguir a esta experiência do encontro com Deus, vivê-la e anunciá-la aos outros, com o testemunho e a palavra. Tudo isto é missão. E, no nosso caso particular de Missionários da Consolata, ir a Fátima, significa também, viver em profundidade a dimensão mariana do nosso ser missionário. E, de um modo particular, para nós, esta dimensão fundamental do nosso carisma está unida historicamente a Fátima. Estamos entre os primeiros missionários e religiosos a abrir uma comunidade junto do Santuário da Cova da Iria. O pioneiro da nossa presença em Portugal [padre De Marchi] é considerado, de facto, um dos primeiros e principais divulgadores das aparições e da Mensagem de Fátima. F. M: a missão não tem lugar geográfico. Considera importante passar esta mensagem a todos os grupos da família, colaboradores, amigos, voluntários?R: Efectivamente, a missão hoje e, especialmente desde os ensinamentos da Encíclica Redemptoris Missio do Papa João Paulo II, não se reduz aos espaços tradicionalmente chamados “territórios de Missão”. Hoje a missão chama às nossas portas e põe à nossa frente novas situações sociais, políticas e culturais. São os novos areópagos da missão de que nos fala João Paulo II: as novas pobrezas especialmente nos subúrbios das grandes cidades, as migrações, as minorias étnicas abandonados e marginalizadas, o tráfico de pessoas, o mundo secularizado, a luta pela justiça, paz e integridade da criação, o diálogo intercultural e inter-religioso, o mundo da comunicação, especialmente a internet. São os novos desafios que o mundo da pós-modernidade põe à missão e que pede uma dedicação toda especial, formação e muito amor. acho não só conveniente, mas urgente fazer passar esta mensagem a todos os que se sentem missionários connosco: amigos, leigos, simpatizantes, colaboradores e voluntários da Consolata. Gritar que a missão está ainda nos seus começos, sem esquecer que mesmo geograficamente ainda é actual.