a tragédia natural que se abateu sobre o Rio de Janeiro e que fez várias centenas de mortos resulta do desrespeito do homem para com o planeta
a tragédia natural que se abateu sobre o Rio de Janeiro e que fez várias centenas de mortos resulta do desrespeito do homem para com o planetaCulpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que distribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora, afirma Leonardo Boff, em relação às cheias que devastaram várias cidades do Rio de Janeiro. Para o teólogo brasileiro, o grande responsável é o ser humano, pela forma como trata a natureza. Ela é generosa para connosco pois oferece-nos tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, consideramo-la como um objecto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira dos nossos dejectos, constata. O homem não conhece a sua natureza e a sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que aí viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores. O ser humano está agora a pagar um elevado preço pela destruição da floresta,Mata atlântica, que equilibrava o regime das chuvas. É preciso escutar a natureza, adverte o também filósofo e escritor, citado pela agência adital. Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e se soubermos escutar as suas mensagens e ler os seus sinais. Caso contrário, teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.