“Tu és o meu servo por quem eu manifestarei a minha glória”, proclama o profeta Isaí­as, na primeira leitura da missa do segundo Domingo, do tempo comum
“Tu és o meu servo por quem eu manifestarei a minha glória”, proclama o profeta Isaí­as, na primeira leitura da missa do segundo Domingo, do tempo comumNão é preciso fazer grandes esforços para abarcarmos, no nosso espírito, o que está a acontecer à nossa volta, um pouco por toda a parte. altos números de pessoas que vivem uma vida de desânimo, de desespero, por causa da situação económica em que se encontra o nosso povo. Pais e mães que não têm o suficiente em alimentos e muitas outras coisas necessárias para darem aos seus filhos e filhas. Muita gente que vive de esmolas, da caridade daqueles que acreditam na fraternidade humana. Desemprego humilhante para tantas pessoas. Um futuro próximo, cuja visão enche almas e corações de stress. Nas camadas dirigentes, uma cacofonia estridente faz-se ouvir todos os dias acerca de tal situação: acusações duns partidos políticos aos outros, invectivas aos membros dos corpos dirigentes do país. afirmações que dizem que tudo vai melhorar em breve, ou que tudo será cada vez pior. até parece que a verdade já perdeu o seu valor e que, por vezes, quem mais ganha é quem melhor sabe mentir. Outros pouco se preocupam de tudo isto: têm contas chorudas em bancos, sabe Deus onde, e salários que lhes permitem uma vida regalada. Um escândalo imperdoável e um crime que brada aos céus. Felizmente também há quem, nas esferas dirigentes, se esforce tenazmente para aliviar os males que tanto fazem penar os mais necessitados e conduzir o país a uma forma mais digna da vida humana.
Vivemos numa situação económica que faz sofrer muita gente. Mas quem tem a dita de conhecer o Deus-amor de toda a Providência sabe qual é a parte que deve jogar nesta aflição: ser gente que semeia a esperança que não engana nem desilude. através da história, sempre houve gente assim, testemunhas-apóstolos da esperança. Quanto não gritaram os profetas de Deus em situações piores! Pus toda a minha confiança no Senhor. Ele inclinou-se e ouviu a minha voz, e pôs na minha boca um cântico novo, um hino de louvor ao nosso Deus. Proclamarei a vossa justiça na grande assembleia.
Dizem que dentro de cada um de nós há uma capacidade imensa de renovação. É importante que cada cidadão medite no que pode fazer, mesmo que seja pouco. Somos todos chamados a resolver a crise, não só a falar dela. Mesmo que cada um só possa fazer pouco, muitos poucos fazem muito. Os meios de comunicação social têm de fazer a sua parte: proclamar alto e bom som os abusos, dizer as verdades, doa a quem doer. Mas também contribuir para uma atitude de esperança nos corações desfalecidos. Todos temos de dar o nosso contributo. É algo que nos é imposto pela fraternidade, imposto sem isenções! Se trabalharmos para cortar as raízes do mal, então tronco, ramos, folhas, flores e frutos da árvore da nossa pátria vão rejuvenescer. E tudo mudará: sobre cada um de nós pousará o Espírito do Senhor, para levar a boa-nova aos que sofrem, consolar os tristes, coroar os aflitos, para mudar a sua cinza em coroa, o seu semblante triste em perfume de festa, o seu abatimento em cânticos de alegria: e serão chamados robles de justiça, lê-se em Isaías 61, 1-3. assim cantou a Virgem de Nazaré no seu Magnificat.