«Temos de ter esperança e de dar esperança aos outros». Palavras de antónio Vaz Pinto dirigidas aos participantes do XI Encontro de formação de agentes sócio-pastorais das migrações
«Temos de ter esperança e de dar esperança aos outros». Palavras de antónio Vaz Pinto dirigidas aos participantes do XI Encontro de formação de agentes sócio-pastorais das migraçõesTransformações sociais geradas na mobilidade humana foi o tema central da segunda mesa redonda do encontro de formação sobre migrações, a decorrer em Fátima. Uma sessão, moderada por Manuel Vilas Boas, jornalista da TSF, que contou com a presença de quatro especialistas de diferentes sectores de actividade.
Carlos Trindade, da comissão executiva da CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses), foi o primeiro interveniente e estabeleceu a relação entre as migrações e a economia e o trabalho.começou por lembrar que emigrar é um direito reconhecido pelas democracias. Na origem das migrações de massa está o factor necessidade: os migrantes afirmam, dessa forma que no país de origem há muitas dificuldades. Quando se parte e quando se acolhe, o fio condutor é o trabalho, afirmou. Quanto a Portugal, destacou: Nós temos uma das legislações mais progressivas a nível mundial. Mas, é preciso movimentar, é preciso agir, para ajudar um migrante com dificuldades.
ana Cristina Pereira, jornalista do Público, debruçou-se sobre o papel da comunicação social na divulgação dos movimentos migratórios. Estes começaram a ter reflexo na comunicação a partir da década de 1990. Destacam-seassuntos como os problemas de habitação dos imigrantes, a necessidade de mão de obra que antecipou a EXPO 98 e a entrada de imigrantes do leste da Europa,em Portugal. ana Cristina lembrou o papel isento do jornalista. aos presentes lançou uma interrogação: É relevante ou não identificar a nacionalidade da pessoa [nas peças jornalísticas]?. Uma questão que divide os profissionais da comunicação.
O padre Vaz Pinto relacionou as migrações à religião. Neste âmbito, constatou que as migrações não são um fenómeno religioso, mas sim, antes de mais, um fenómeno social. Proporcionam um encontro único entre diferentes culturas; são também factor de aproximação entre as diversas partes do mundo. O contacto é muito importante e para que haja contacto tem de haver conhecimento, salientou. Um passo necessário para que haja aproximação e unidade na diversidade. O diálogo implica avançar e combater os preconceitos.
O último a intervir foi andré Costa Jorge, director do Serviço Jesuíta aos Refugiados. aos participantes do encontro falou sobre os direitos humanos. O responsável começou por salientar os efeitos da crise no migrante. Um contexto queo afecta em particular, pois, estando no desemprego pode passar de uma situação regular para a condição de clandestino. São projectos de vida postos em risco e pessoas que acabam por ficar destituídas dos seus direitos. Quanto à detenção de um migrante ilegal lembra que é uma detenção administrativa; não se trata de um criminoso. Por fim, a mesa redonda concluiu-se com um apelo de antónio Vaz Pinto: Temos de ter esperança e de dar esperança aos outros.