“Há sinais claros de que a situação no Darfur está a piorar”. as constantes “violações de direitos humanos” são esquecidas pela comunidade internacional
“Há sinais claros de que a situação no Darfur está a piorar”. as constantes “violações de direitos humanos” são esquecidas pela comunidade internacionalUma coligação de 17 organizações não governamentais (ONG) acusa a comunidade internacional de se descuidar com o referendo sobre a independência do Sul do Sudão, que decorre de 7 a 15 de Janeiro. a região do Darfur, onde se regista um aumento das violações humanitárias, está a ser esquecida. a situação deteriorou-se nas semanas antes do referendo com um retomar dos confrontos entre as forças do governo sudanês e os rebeldes do Exército de Libertação do Sudão leais a Mini Minawi, afirmam as ONG.
apesar da presença da força de manutenção de paz da ONU e da União africana [UNaMID], os civis continuam vulneráveis a ataques e violações de direitos humanos, acusam as organizações. Os ataques incluem violência sexual dentro e fora dos campos de desalojados no Darfur. Segundo as ONG, os recentes confrontos em Khor abeche, Shearia e Shangil Tobayi causaram cerca de 32 mil refugiados. a coligação inclui organizações, como a Human Rights Watch, Centro africano para os Estudos da Paz e Justiça, Federação Internacional para os Direitos Humanos e Coligação Árabe para o Darfur.
O acordo de paz entre Cartum e o SPL a (Sudan People’s Liberation army, movimento rebelde do Sul) está a ser cumprido e existem condições para que o referendo seja considerado livre e justo, consideram as Nações Unidas. Mas o Conselho de Segurança encara com profunda preocupação a situação no Darfur, onde se registou, em Dezembro, um aumento de violência. É necessário acabar com a impunidade dos crimes cometidos na região, considera aquele organismo. O embaixador do Sudão na ONU, abdalmahmood abdalhaleem Mohamed, afirmou que o seu governo está interessado num acordo político e sublinhou que as reuniões em curso em Doha, no Qatar, atingiram um ponto muito importante.
Mas há sinais claros de que a situação no Darfur está a piorar. E a comunidade internacional não está a conseguir monitorizar adequadamente e a responder à situação, constata Jehanne Henry, da organização Human Rights Watch. as ONG queixam-se da falta de informação sobre o que está a acontecer, as forças do governo sudanês e dos rebeldes impedem o acesso aos deslocados: a prisão pelo governo de jornalistas e activistas do Darfur, e a expulsão de 13 ONG, em 2009, contribuíram para este vazio de informação. Para Mónica Serrano, directora da organização Global Centre for the Responsibility to Protect, a comunidade internacional não pode repetir os erros do passado e permitir que o conflito deflagre no Darfur, quando a sua atenção está noutro lado.