a palavra “crise” instalou-se no nosso dia-a-dia, saibamos interpretá-la à luz da esperança e da fé
a palavra “crise” instalou-se no nosso dia-a-dia, saibamos interpretá-la à luz da esperança e da fé a RTP fez uma pequena reportagem no passado dia 31, perguntando a alguns cidadãos o que mais desejavam para o novo ano de 2011. as respostas, na sua generalidade, expressaram os desejos pessoais de cada um. Saúde, amor, trabalho, e algum dinheiro foram as palavras mais referidas.
Na totalidade das respostas, foram poucos os que manifestaram desejos tendo em vista os valores colectivos para a sociedade em que estamos inseridos e que tão carecida se encontra deles. apesar de ser uma amostra, daqui se pode inferir em rigor a propensão humana para o egoísmo, colocando os nossos interesses e desejos na primeira pessoa, e esquecendo os outros que nos rodeiam.
De facto a palavra crise, parecendo uma palavra da moda, reflecte uma situação bastante difícil que os portugueses começam a sentir de verdade (especialmente os mais desfavorecidos), mas que interiorizam cada vez mais. Quando muito, lamentam-se e acusam aqueles que a provocaram, esquecendo que é preciso fazer algo para a ultrapassar. a situação económica do país continua a resvalar para o abismo, sem que vejamos uma luz de esperança ao fundo do túnel, pois as medidas que é necessário tomar politicamente não surgem.
a revista The Economist referiu esta quinta-feira que a economia portuguesa terá um crescimento negativo de 1,2% em 2011, prevendo-se que Portugal tenha este ano a terceira pior economia do Mundo, ficando atrás apenas o Porto Rico e Grécia. Efectivamente, o que nós precisávamos era de boas notícias, mas para isso é preciso que a mentalidade e a vontade das pessoas – e também a atitude dos políticos – mudem na relação com os outros.
Os tempos de crise aguçam o engenho e arte na procura de soluções e estas estão na produção de riqueza, na economia das pequenas coisas, na solidariedade para com os outros. Mas as más notícias tem sempre dois rostos: o mau e o bom, senão, vejam. Há cerca de um mês atrás os concelhos de Tomar, Ferreira do Zêzere e Sertã foram assolados por um tornado que causou destruições consideráveis, para além do susto que se instalou nas populações.
Na ocasião, um canal televisivo dava a notícia de que alguns jovens do interior haviam viajado largas dezenas de quilómetros e se encontravam numa aldeia a ajudar a população na limpeza e reconstrução das casas. O locutor perguntou a um jovem o motivo porque estava ali e ele respondeu: ouvi a notícia e vim ajudar estas pessoas. O repórter indagou junto de uma das habitantes o que pensava quanto àqueles jovens que vieram ajudar e ela afirmou: Não os conhecemos, mas a sua ajuda é muito importante, que atitude maravilhosa.
É exactamente neste espírito de solidariedade que está o segredo da retoma de valores materiais, morais ou espirituais, não só a nível individual, mas também colectivo. Os tempos que correm não nos permitem hesitações, a sociedade precisa do nosso testemunho de esperança (através do voluntariado ou outras acções), pois só dessa forma estaremos a cumprir o primeiro mandamento do Senhor: amar o próximo e na sua pessoa, a Deus.