Lí­gia Cipriano conta alguns episódios da missão de 10 meses no Catrimani
Lí­gia Cipriano conta alguns episódios da missão de 10 meses no CatrimaniComo o tempo passa, estou aqui há quase 10 meses, pelo carimbo que me colocaram em Brasília à chegada passaram já 11 meses, mas isso é outra história. Estas são as primeiras palavras de um carta que a Leiga Missionária da Consolata no Brasil escreve. Lígia Cipriano, já estará de volta à missão que a acolheu, do Catrimani, em plena amazónia. ali, gostaria de passar o Natal, com a sua nova família’, isto é aqueles que a acolhem há já quase um ano. O Catrimani é um lugar muito especial, afirma. O trabalho é mais que muito, não temos mãos a medir. a missão tem estado em obras, mas, agora já estão prontas, a escola também foi arranjada. É a partir do Catrimani que é feito o acompanhamento dos professores nas comunidades. Ficamos nas comunidades partilhando um pouco da sua vida da suas vivências, nessas viagens acontecem muitas peripécias e histórias para mais tarde recordar, pois já são tantas que é difícil descrever a mais engraçada e a menos perigosa. Lígia Cipriano salienta que já fiz um pouco de tudo nas visitas às malocas, desde ralar macaxeira e ralar os dedos também, espremer a macaxeira moída no tipiti e cair no chão. as peripécias da vida na missão incluem ainda ir à pesca e uma piranha roer-me os dedos e ficar com um peixe espetado num pé. Na vida da missão, a Leiga Missionária da Consolata salienta que temos sempre pessoas pois, durante a tarde, as crianças e mulheres vêm até a missão. E ali ficamos a conversa, sabemos as novidades, aprendemos a falar algumas palavras Yanomami, e aprendemos, no meu caso trabalhos manuais, conta. Numa das saídas de campo fiquei sem máquina fotográfica, pois ao visitar uma comunidade ao passar uma ponte improvisada, caí com a máquina na água (igrapé), conta. Estou muito feliz como nunca me senti, e em paz, uma paz que ao mesmo tempo inquieta, pois faz-me questionar a minha vida, a forma como vivi e vivo, comenta. E para se ser feliz é preciso tão pouco ou nada, basta a graça de Deus e colocar nas mãos de Deus a nossa vida, tudo fica mais fácil mais leve. E mesmo nos momentos mais difíceis – salienta a leiga – Deus é que é a força que me ampara e me dá a força para caminhar. ainda que haja momentos em que há vontade de desistir há sempre uma voz que lhe traz calma. Dou graças por poder partilhar a minha vida com um povo tão especial, que vive em liberdade, em sintonia com a natureza e o criador, vive do pão nosso de cada dia, pois cada dia é um recomeço, salienta na carta que escreve. O mais importante é partilhar a vida, mas vida em abundância no amor, sou feliz quando ao meu lado o meu irmão também o é, refere. O segredo da felicidade é caminhar ao encontro do outro, só sou feliz quando faço os outros felizes.