«Há que ter uma atitude de realismo e de esperança» perante a actual crise, afirmam os bispos portugueses, reunidos no Porto
«Há que ter uma atitude de realismo e de esperança» perante a actual crise, afirmam os bispos portugueses, reunidos no PortoSem deixar de apontar a singular responsabilidade dos governantes e dos que possuem cargos públicos, todos somos corresponsáveis, em maior ou menor grau, pelas causas da crise e da sua superação, defende a Conferência Episcopal Portuguesa. Para a ultrapassar é necessário o empenhamento sério de todos, nomeadamente pelo diálogo social, pela negociação colectiva e pela concertação.
Na base desta situação destacam-se os poderosos interesses incontroláveis, nacionais e transnacionais, a falta de coragem e verdade governativas, os exagerados interesses individuais, a desregulação dos mercados, a circulação descontrolada de capitais, a competitividade desumana e sem limites, a cultura e a prática das desigualdades sociais, a insuficiência do diálogo e da concertação, a promoção do consumismo, a rejeição da sobriedade e da poupança.
Na mensagem de Natal conjunta, os bispos alertam para a gravidade da situação actual, que, em determinados casos, não permite adiamentos, os prelados convidam os católicos e comunidades eclesiais à criação e o funcionamento dos grupos paroquiais de acção social, em colaboração com a Cáritas, as Conferências de São Vicente de Paulo e outras instituições. O Fundo Social Solidário, recentemente aprovado pela Conferência Episcopal, poderá funcionar como pólo dinamizador da acção conjunta a desenvolver.
Os bispos apelam a que se redescubra o verdadeiro e concreto significado da caridade cristã numa variedade de propostas e intervenções imediatas de proximidade. aliás, só promovendo um novo estilo de vida não dominado pela pressão consumista mas orientado pela sobriedade, será possível partilhar, em termos institucionais e pessoais, respondendo a situações gravíssimas de pobreza envergonhada. O ano europeu do voluntariado em 2011 é uma ocasião propícia para estreitar laços com os mais necessitados, em gestos e atitudes de serviço gratuito.