Uma nação já não há-de erguer a espada contra outra, nem mais se há-de aprender a fazer guerra. Vinde, caminhemos à luz do Senhor!, lê-se na liturgia do primeiro domingo de advento
Uma nação já não há-de erguer a espada contra outra, nem mais se há-de aprender a fazer guerra. Vinde, caminhemos à luz do Senhor!, lê-se na liturgia do primeiro domingo de adventoOs sonhos fazem parte positiva da actividade humana de todos nós. Muitas das invenções que tanto beneficiam a humanidade, no campo das ciências, por exemplo, começaram em forma de sonhos. a maior parte dos cidadãos de todos os povos sonham com a paz. Uma paz fundada sobre a justiça, que favoreça o desenvolvimento das nações e a felicidade dos membros da humanidade. O Senhor será juiz das nações… Das espadas, forjarão os povos relhas de arado, e das lanças farão foices, são palavras do profeta, tiradas da primeira leitura da Eucaristia, que trazem uma pergunta obrigatória: Se a paz é um bem tão grande, porque é que uma percentagem tão alta dos orçamentos das nações vai para a construção de engenhos de morte e destruição? Porque há nos nossos dias tanta guerra e tantas guerrilhas que engolem triliões de euros, que roubam a centenas de milhões de gente honesta o bem que lhes é devido em toda a justiça? Porque teimam os governos de tantas nações a esbanjarem em armas de guerra o pão de cada dia’ da maior parte dos seus cidadãos? E ainda: Haverá alguma solução para tão grande doidice e irresponsabilidade? Devem os membros da família humana continuar a viver no medo, no terror de tantos perigos para a vida, a justiça, a tranquilidade e a paz?
Um dos grandes políticos do último século, Konrad adenauer, homem de requintado equilíbrio moral e espiritual, co-fundador da União Europeia, deixou escrito no seu testamento: Vêm-me à mente pensamentos e imagens de tempos idos, imagens dos tempos antes de 1914 [anteriores à Primeira Grande Guerra], quando existia a verdadeira paz, a calma, a segurança na terra – tempos em que não sabíamos o que era o medo. Entramos hoje, liturgicamente, no advento, que de uma maneira tão profunda poderia ser o tempo da preparação do advento da verdadeira paz. É pena que os homens não se entendam muito em como estabelecer na terra uma paz duradoura. Deveríamos olhar para o espelho que é o Evangelho: ao contemplar a sua querida cidade de Jerusalém dias antes da sua Paixão, Cristo chorava: ah, Jerusalém, Jerusalém!… Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos, como a galinha reúne os seus pintainhos sob as asas, e tu não quiseste!. E, mais ainda, quanto escreve São João, no seu evangelho, sobre o Príncipe da Paz: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Felizmente e por inspiração do Espírito de Deus, há cada vez mais gente que está a trabalhar para o estabelecimento dessa paz.
Seja-nos permitido sonhar! Já lá vêm os dias em que as bombas atómicas e engenhos de morte semelhantes serão desmontados e os seus elementos transformados em meios de desenvolvimento de outras ciências para o bem de todos. Tempos em que se acabará com a construção absurda de aviões e outros engenhos de guerra que custam milhões ou mesmo biliões de euros. Tempos em que tão avultadas somas de dinheiro serão usadas para alimentar, no corpo e no espírito, milhões e milhões de crianças inocentes, que nada de alegre têm na vida, de pais e mães que choram porque nada têm para dar aos seus filhinhos. Tempos em que as nações se abrigarão sob as asas do seu Senhor para ali gozarem da felicidade gerada pela justiça, paz e compreensão. Tempos em que os chefes das nações alegremente dirão em uníssono: Caminhemos à luz do Senhor… Vamos para a casa do Senhor, como se canta no salmo responsorial. assim seja!