“Cristo é o chefe, o que tem em tudo o primeiro lugar. Estabeleceu a paz pelo seu sangue, e quis reconciliar consigo todas as coisas”, lê-se na segunda leitura
“Cristo é o chefe, o que tem em tudo o primeiro lugar. Estabeleceu a paz pelo seu sangue, e quis reconciliar consigo todas as coisas”, lê-se na segunda leituraQuando considero atentamente a casa em que vivo, a nossa mãe-terra, tenho às vezes a impressão de me encontrar no palco de um teatro de variedades. E vejo a riqueza imensa de actores e de actrizes que nesse palco actuam, e o número ilimitado de representações que continuamente são oferecidas aos olhos e ao espírito de cada um de nós: dramas, comédias, tragédias… Vejo também como estas representações não são apenas algo que nos diverte ou educa, mortifica ou enriquece, dá gosto pela vida ou complica as ideias e a experiência dessa nossa mesma vida. Lá andam eles, os actores astutos que influenciam a vida dos membros da humanidade, num vaivém sem muita folga. Muitos deles são plenipotenciários da bondade, não só no interior da sua própria família, mas de tantos outros membros da família humana – aqueles e aquelas que escolheram amar-se uns aos outros e ajudar o próximo em tantas necessidades e em tantas áreas da terra, cuidando especialmente dos mais abandonados e anónimos. Os plenipotenciários da ciência, na área da saúde, por exemplo, que decidiram trabalhar para que tantos outros sejam mais capazes de viver mais felizmente a própria existência. Os plenipotenciários do espírito que, de tantas maneiras trabalham para que o equilíbrio corpo-espírito, contribuem abundantemente para a felicidade da cada ser humano. Uma lista sem fim de actores e actrizes de corações maravilhosos para quem a felicidade consiste em dá-la aos outros.
Mas todas as moedas têm o seu verso e o seu reverso. Também há plenipotenciários do poder que o impõem abusivamente aos outros; poderosos da riqueza que recusam pô-la aos serviço do bem da humanidade – a humanidade a quem pertence toda a riqueza da terra. E também outros que não administram a justiça segundo os direitos dos que dela precisam e a merecem. E também aqueles que se recusam trabalhar no jardim da terra para que as suas flores dêem alegria a tanta gente a quem o stress domina.
No meio e acima de todos estes actores, actrizes, representações, actividades… está Ele, o plenipotenciário do amor, o grande chefe de todos os chefes, o Senhor de todos os senhores, o verdadeiro ensaiador de todas os papéis úteis à vida de todos os representantes e de todos os membros da assistência do teatro humano. Ele que nos orgulhamos de ter por chefe; Ele que tem em tudo o primeiro lugar, o lugar de honra nos nossos corações; Ele que estabeleceu a paz da qual nós, seres humanos, não soubemos ainda aproveitar-nos completamente; Ele que estabeleceu a paz pelo seu sangue no desejo infinito de se dar, mesmo quando sabe que não receberá retribuição; Ele que quis reconciliar consigo todas as coisas. É este último ponto, creio, aquele a que mais atenção devemos prestar nos nossos dias: só n’Ele pode a peça do teatro humano servir de catalisador total da paz que transformará a nossa terra num verdadeiro paraíso terrestre. Do alto do trono real da sua cruz, brota para toda a humanidade a força e a coragem – a graça – da compreensão e da entreajuda. Toda a comunidade humana recebe dela o sentido de realização total com que sonhamos: Jesus Cristo, o chefe que tem em tudo o primeiro lugar, que estabeleceu a paz pelo seu sangue e quis reconciliar consigo todas as coisas.