a crise exige a solidariedade de todos, salientam os bispos portugueses que admitem que a sociedade portuguesa espera «gestos concretos» da Igreja neste campo
a crise exige a solidariedade de todos, salientam os bispos portugueses que admitem que a sociedade portuguesa espera «gestos concretos» da Igreja neste campoPassando a sociedade portuguesa por particulares tempos de crise e estando em processo de efectivação duras medidas de austeridade, apelamos às instâncias governativas para que as classes mais desfavorecidas sejam menos penalizadas e mais ajudadas, afirmou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na abertura da assembleia plenária dos bispos, que decorre em Fátima até 11 de Novembro.
Jorge Ortiga lançou um ataque à falta de verdade nos centros de decisão da gestão pública, pela ausência de vontade em solucionar os desafios actuais e pela ânsia obsessiva do lucro que conduz à desumanização da vida. O também arcebispo primaz de Braga apontou ainda o dedo à inverdade frequentemente resultante de querelas pessoais e de jogos político-partidários pouco transparentes, que aprisionam os líderes aos interesses instalados nas estruturas público-privadas.
O prelado lembrou que neste contexto de incerteza, as novas gerações não têm expectativas em relação ao futuro, quer pela falta de trabalho, quer por falta de horizontes para a vida. além disso, com a cultura de morte vigente, cada vez mais os centros sociais e lares se enchem de pessoas que já não têm lugar à mesa das suas famílias, tanto por razões de ordem laboral e económica, como pela banalização dos laços familiares.
O presidente da CEP exorta os cristãos a uma participação na vida pública mais influente e esclarecida. Um laicado, em sintonia com o Evangelho e com a doutrina social da Igreja, exercerá certamente uma força positiva na resolução dos problemas do nosso país. O sentido de responsabilidade pública e de participação na vida democrática exigirá líderes com propostas novas e sérias que visem promover a equidade e a coesão da sociedade portuguesa, afirmou Jorge Ortiga.
No campo da Educação, o responsável defendeu o fundamental direito da liberdade de ensino, consignado na Constituição da República Portuguesa, o que significa ser imperioso respeitar o direito que têm os pais de escolher para seus filhos a Escola que julgarem melhor. Em tempo de restrições económicas, seria um desperdício e esbanjamento imperdoáveis desproteger as escolas particulares que poupam ao Estado verbas avultadíssimas, disse ainda, esperando que as negociações entre com o Ministério da Educação cheguem a bom porto.
a constatação da débil formação cristã dos leigos coloca aos prelados questões para a reflexão. Necessitamos de um laicado comprometido e idóneo, devidamente preparado e em profunda comunhão eclesial, para decidir, assumir, agir, rezar e evangelizar intra e extra eclesialmente, explicou. Para isso é necessário adoptar o catecumenado adulto como modelo de iniciação à fé cristã de modo a colocar o Evangelho no centro da vida das comunidades cristãs, numa interpelação permanente à sociedade, à cultura, à política, ao trabalho, às artes, à economia e aos grandes areópagos da comunicação.