Este é o meu mandamento “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” disse o Senhor
Este é o meu mandamento “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” disse o Senhor a lei do amor fraterno não era uma novidade, mas Jesus dá-lhe um sentido e uma medida nova, que não é apenas a de um coração humano, mas a do coração de Cristo. Segundo conta Tertuliano, os primeiros cristãos tomaram tão a sério estas palavras do Senhor, que os pagãos exclamavam admirados: vede como eles se amam!.
É exactamente esta forma de agir que deve distinguir os cristãos no mundo, o amor entre eles, para com o próximo e tendo como objectivo o cumprimento da vontade do Senhor. Há necessidade de uma nova abordagem dos temas da actualidade por parte da hierarquia da Igreja, tendo em conta a missão que Cristo lhe entregou de pregar o amor, mas sobretudo de o viver em permanência. a gestão temporal dos meios económicos é um dos aspectos que deve merecer cada vez mais atenção por parte daqueles que têm a incumbência de o fazer, mas de uma forma diferente, embora com eficácia.
De que serve o esplendor e magnificência de um templo, se não estiver ao serviço da comunidade na generalidade? Será que – para essa comunidade – o templo será mais importante que outros meios para suprir as suas necessidades espirituais, e/ou humanas? a Igreja no seu todo – hierarquia e cristãos – devem caminhar sempre em sentido único: o caminho da salvação. Contudo, os meios para a atingir passam pela vivência do quotidiano, onde os valores espirituais e humanos se cruzam e devem harmonizar para atingir essa finalidade. É preciso ponderar séria e adequadamente a gestão de meios (receitas) para que a comunidade cristã não se escandalize com o mau uso, ou indiferença, quanto a critérios que devem primar por uma correcta disciplina de satisfação das necessidades mais prementes. Por isso, a Igreja tem obrigação de ser solidária, não apenas por palavras, mas sobretudo na sua acção.
Os pastores da Igreja certamente que se lembram do milagre dos peixes, os quatro evangelistas narram esse episódio. São Mateus cita: Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si. Mas Jesus lhes disse: Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer. ao que os discípulos responderam: Só temos aqui cinco pães e dois peixes. Jesus então interveio multiplicando os pães. É fácil de concluir que não é bom pregar a barrigas vazias, ou seja, as necessidades das pessoas têm que ser tidas em conta e portanto a solidariedade social deve ser manifestada em todas as vertentes.
Para finalizar esta reflexão, quero recordar algo que me foi narrado há muitos anos por alguém
que me merecia toda a credibilidade. O padre Cruz, que alguns veneram como exemplo de virtudes, usava uma sotaina (antigamente era usual nos sacerdotes essa peça de roupa exterior) e quantas vezes era mesmo a única peça de roupa que trazia, pois a interior dava-a aos pobres que encontrava.
Certamente que hoje talvez não seja necessário ir tão longe, mas é este espírito de amor e bondade que todos devemos praticar, bispos, padres e leigos, só assim daremos testemunho de Cristo.