Em tempo de eleições, José Marçal lembra o valor da união das comunidades indígenas. « a missão da Igreja é continuar a colocar no caminho deste povo, a luz da Palavra»
Em tempo de eleições, José Marçal lembra o valor da união das comunidades indígenas. « a missão da Igreja é continuar a colocar no caminho deste povo, a luz da Palavra»Realizaram-se recentemente as eleições gerais no Brasil. a segunda volta para as presidenciais estão marcadas para 31 de Outubro; também no estado de Roraima, os eleitores voltam às urnas para escolher o governador. José Marçal debruça-se sobre a relação eleições-povo, em terras indígenas.
as comunidades indígenas dividiram-se. Muitos votaram nos que davam mais coisas. a compra do voto que gera dependência, lamenta José Marçal. Isto apesar de algumas lideranças indígenas terem convocado assembleias para esclarecer as pessoas sobre o voto livre, digno e consciente. Nenhum candidato índio para deputado estadual ou federal, acabou eleito. agora para governador, venha o diabo e escolha, ironiza.
a união dos povos autóctones está em crise. a união das comunidades indígenas à volta de projectos comuns está à prova, perante iniciativas cada vez mais sofisticadas e camufladas, destinadas a dividir as lideranças, antes, durante e depois das eleições, considera o missionário da Consolata.
Resta-nos acreditar que a força interior destes povos vai despertar para a nova luta que os espera para manter a sua liberdade: não voltar costas à sociedade envolvente, aceitar o que de bom possa trazer e corajosamente dizer não a tudo o que ameace destruir a sua cultura e os seus valores tradicionais. O compromisso assumido em relação a serviços comunitários é um exemplo.
No encontro de culturas, não pode haver nem vencidos nem vencedores, defende José Marçal. a missão da Igreja, na pessoa dos missionários, é continuar a colocar no caminho deste povo, a luz da Palavra – projecto de Deus – luz que os iluminou durante a conquista da terra, afastando todos aqueles que, indevidamente, a tinham ocupado.