é uma triste coincidência que no ano Europeu da luta contra a pobreza e exclusão social se abata uma descriminação feroz sobre os mais fracos
é uma triste coincidência que no ano Europeu da luta contra a pobreza e exclusão social se abata uma descriminação feroz sobre os mais fracosapós a adesão de Portugal à União Europeia (UE) em 1985, os sucessivos governos do nosso país fizeram-nos crer que poderíamos ter uma vida melhor, adoptaram a legislação provinda de Bruxelas e receberam toneladas de dinheiro em fundos comunitários. Contudo, nenhum deles traçou uma política económica para o país a longo prazo, com objectivos concretos a atingir e que permitissem um desenvolvimento harmonioso e socialmente mais justo. Os dois partidos políticos que alternaram no poder apenas se preocuparam com a governação pura e simples, de molde a fazer funcionar o país, mas usufruindo de dividendos para manter oleadas as suas máquinas partidárias e ganhar eleições, esquecendo que governavam um colectivo de mais de dez milhões de pessoas.
assim passaram os últimos 25 anos, estão quase no fim os fundos a que o nosso país tinha direito e em plena crise económica e financeira dizem-nos agora que estamos mal, mas que a culpa foi dos mercados internacionais. Uma meia verdade que é mais prejudicial que uma mentira genuína, pois pretende descartar responsabilidades próprias. Quando aderimos à UE já tínhamos uma economia em franco desenvolvimento, agora com a Comunidade composta por 27 países ocupamos os últimos lugares em quase todos os sectores.
afinal, o que se passou durante duas décadas e meia, para que não tenhamos agora um Portugal saudável e próspero? a resposta é simples: incompetência dos governos. Quando a cobrança de impostos é o único sector governamental que funciona bem, está tudo dito. Neste momento há um Orçamento de Estado para 2011 que vai ser discutido e possivelmente aprovado, cujas linhas de orientação penalizam principalmente os que pouco têm. aumenta o IV a sobre produtos alimentares essenciais, a energia eléctrica e combustíveis, criam-se novas portagens, baixam ordenados, são retiradas contribuições sociais, etc. No entanto, na máquina de Estado pouco altera, mantêm-se regalias (ou mordomias) que são um escândalo para os mais pobres.
as instâncias internacionais recomendam aos nossos governantes para cortar na despesa do Estado, mas ainda está por fazer o trabalho de estudar onde e como (ou se está feito, nunca foi apresentado). O nosso país está a caminho do precipício económico que poderá arrastar tudo o resto, mas não peçam sacrifícios apenas àqueles que já não sabem como viver. Isso é imoral, injusto e contraria os mais elementares direitos do ser humano. Nós, enquanto cristãos, devemos ser tolerantes, mas não subservientes a um Governo injusto. Temos que lutar em prole da justiça social, manifestar a nossa discordância de forma individual ou colectiva, mas simultaneamente abrir o nosso coração aos outros, sobretudo aos mais necessitados, e dar, não o que nos resta, mas do pouco que ainda temos.