a autonomia das Misericórdias não está em causa no decreto aprovado pelo Vaticano sobre as Santas Casas, garante o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa
a autonomia das Misericórdias não está em causa no decreto aprovado pelo Vaticano sobre as Santas Casas, garante o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesaaquele decreto de que se fala está sancionado, aprovado, pela Santa Sé e, portanto, ultrapassa a própria Conferência Episcopal. Este decreto é apenas a concretização do Código de Direito Canónico, que não tira, de modo algum, a autonomia das Misericórdias, afirmou Manuel Morujão à Rádio Renascença, em reacção ao repúdio da União das Misericórdias sobre o decreto geral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Em causa está um documento aprovado pelos bispos portugueses e promulgado pela mais alta instância da Igreja Católica no mundo. as Misericórdias consideram que a sua autonomia está em causa porque são consideradas como associações públicas de fiéis , e portanto, implica que os provedores prestem contas da sua gestão aos prelados das dioceses onde se encontram.
as Misericórdias continuarão a auto-governar-se, os bispos diocesanos não são eles que mandam nas Misericórdias, mas a Igreja Católica exerce a tutela eclesiástica, o que deve ser algo considerado normal, até porque também há a tutela do Estado e sabemos que essa tutela não é para mandar, gerir, administrar as Misericórdias, mas é para ter a última palavra, realça.
O porta-voz dos bispos portugueses adianta ainda que será constituída uma comissão mista formada por membros da Misericórdia e por membros da Conferência Episcopal para fazer a regulamentação do decreto. O diálogo para chegar a um acordo é o caminho apontado. antes, em conferência de imprensa, a União das Misericórdias repudiou o decreto geral frisando que o mesmo provocará uma fractura profunda nas relações entre milhares de católicos portugueses e a CEP .
a União das Misericórdias Portuguesas que inclui 400 misericórdias, 19 hospitais, 440 lares, 350 centros de convívio, 500 serviços de apoio domiciliário e que emprega directa ou indirectamente mais de cem mil pessoas não está disposta a abdicar da sua autonomia. Não há qualquer fundamento histórico nem jurídico para que a Igreja arrogue o controlo das Misericórdias , afirma o presidente do Conselho Nacional, Fernando Ferreira.