O cristão é um artista da fé e são as obras que o manifestam. Desenvolvendo e actualizando constantemente os conhecimentos, a fé torna-se activa e operante
O cristão é um artista da fé e são as obras que o manifestam. Desenvolvendo e actualizando constantemente os conhecimentos, a fé torna-se activa e operanteSegundo uma sondagem recente, feita na américa do Norte, uma alta percentagem do povo americano tem conhecimentos muito limitados acerca das religiões do mundo, incluindo a religião a que pertencem.com certas variantes, talvez pudéssemos afirmar que esta conclusão se estende a várias outros países do mundo. Na segunda leitura do 27º Domingo comum, São Paulo exorta o seu discípulo, o bispo Timóteo, a guardar a sã doutrina. No refrão do salmo responsorial, citam-se as palavras de Jesus: Eu sou a luz do mundo, quem me segue terá a luz da vida. No evangelho, o próprio Jesus diz-nos que se tivéssemos fé como um grão de mostarda, e disséssemos a uma árvore para se arrancar e mudar-se para outro sítio, ela obedecer-nos-ia.
Doutrina e fé são duas constantes essenciais da vida do cristão, mas não caiem do céu abaixo sobre cada um de nós, por acaso. O saber não ocupa lugar, diz um rifão sábio do nosso povo. Ir à doutrina por uns meses ou uns anitos, quando se é garotos, não é suficiente para conhecermos e vivermos a nossa fé. Toda a nossa vida tem de ser um estudo que desenvolve em nós o objecto da nossa fé. aliás, esse objecto da nossa fé é Deus, é a pessoa de Jesus Cristo, e é tudo o que ele ensinou. Ora Deus, Jesus Cristo, são infinitos, e manifestam-se em nós continuamente e sem limites por meio do Espírito Santo. Cada cristão é um artista da fé, e das obras que mostram e provam a existência da fé. Um artista nunca pode contentar-se com o que já sabe da sua arte, deve continuamente desenvolver e actualizar os seus conhecimentos. Retiros, congressos, vida de oração e sacramentos, participação activa no mistério salvífico da Eucaristia, catequese, trocas de impressão sobre o objecto da nossa fé e tantas outras coisas semelhantes, tudo isto são meios para desenvolvermos o conhecimento da nossa fé. Conhecer leva à prática, e a prática conduz a uma fé mais certa. Não é questão de mudar a doutrina, como errada e traidoramente se faz muitas vezes. É questão de aprofundar as ideias e de inventar maneiras de praticar esse mesmo dom da fé que recebemos directamente de Deus no Baptismo – a fé que dá um norte certo à vida.
É verdade que temos tantas coisas a fazer, a aprender nos nossos dias. Mas a fé deve ser o alicerce sobre o qual devemos construir a nossa vida de peregrinos para a Cidade Eterna que é a casa do nosso Deus no Céu. À guisa de exemplo, um dos grandes crentes e professores da Palavra de Deus, São Jerónimo, mergulhou cem por cento na fé e na prática da vida cristã depois dum sonho que fez. No sonho, ele que era exímio nos conhecimentos de tantas ciências humanas, encontrava-se diante dum juiz que lhe perguntou: Quem és tu?. Resposta de Jerónimo: Sou um cristão. O juiz: Um cristão? Mentiroso! És mas é um ás das ciências humanas, que não de Cristo!. Chocado profundamente, Jerónimo abalou para Belém, na Palestina, onde se tornou um dos maiores estudantes, sábios e ensinantes da Sagrada Escritura. Senhor, aumenta em nós a fé, rezaram os apóstolos ao seu Mestre Jesus. Oração que devemos também nós repetir continuamente. Mas não basta! Um grande atleta não se torna tal por muito nisso pensar: é na prática que ele desenvolve as suas aptidões para se tornar um verdadeiro atleta. Quantos atletas cristãos na nossa pátria! E quantos mais o poderiam ser, pois é verdade que com Cristo nada é impossível.
Fátima, 3 de Outubro de 2010, 67º aniversário da abertura do primeiro seminário da Consolata, em Fátima, Portugal, pelo padre João De Marchi.