as jornadas constituí­ram uma reflexão cuidada e profí­cua da República nas
diversas vertentes, mesmo a cem anos de distância
as jornadas constituí­ram uma reflexão cuidada e profí­cua da República nas
diversas vertentes, mesmo a cem anos de distância a República deu à Igreja mais liberdade, embora tenha cortado liberdades. a frase de Carlos azevedo, à guisa de conclusão da palestra sobre Igreja versus República, verdades e mentiras apesar de parecer controversa, espelha a realidade histórica vivida. Esta declaração vem no contexto da Lei da separação entre a República e a Igreja, mas ilustra o açaime que imperava sobre a Igreja em Portugal nos tempos da Monarquia.
Os primeiros governos da República tentaram impor essa continuidade, mas esbarraram com um acrescido sentido de liberdade dos bispos portugueses. Mesmo assim espoliaram a Igreja dos seus bens, mas sobretudo impediram que esta prosseguisse o seu trabalho, como que nacionalizaram o culto e os meios, em nome de valores republicanos de uma minoria, mas cujo poder era real.
a Concordata entre o Estado Português e a Santa Sé em 1940 – duramente negociada durante sete a nove anos, devido à tenaz oposição de Salazar ao discordar da indissolubilidade do casamento – repôs ordem nas relações entre Igreja e Estado. a Igreja ainda reclamou o património que lhe havia sido retirado na I República, mas o chefe de governo de então não anuiu à pretensão. O 25 de abril abriu novas perspectivas, mas desta vez os governos não se atreveram a colocar entraves à Igreja, e esta passou a gozar de uma autonomia mais acentuada.
Para Fernando Rosas, a separação Igreja-Estado, foi e é, uma questão de liberdade cívica. O historiador que se define como laico, ateu e socialista entende a liberdade religiosa na vertente constitucional, ou seja, na base igualitária do cidadão.
Questionado em relação aos valores, aquele político e historiador, afirmou que os valores vão a votos é ao Estado que cabe estabelecê-los em democracia, porque os valores podem mudar consoante as circunstâncias da vida. Quanto à religião, este entende que é privado de cada cidadão. Perante esta afirmação, Carlos azevedo lembrou que o cristianismo tem implicações na vida pública, tem que ser respeitado.
Retemos uma afirmação de Sarsfield Cabral que reputamos interessante o problema entre o regime republicano e a Igreja, foi um problema de comunicação, ou da falta dela. Sobre comunicação, Emídio Rangel alertou para o futuro, dizendo que é necessário que a Igreja acompanhe a revolução digital se quiser ser eficaz na passagem da sua mensagem.
Manuel Clemente frisou que com o 25 de abril emergiu a sociedade que se consolidou. Lembrou ainda que a abertura para o futuro está na sociedade, tal como ela é, mas com mais responsabilidade pessoal e de grupo.