a caminho de Jerusalém, Jesus apresenta-nos a parábola do administrador infiel, que é louvado pela sua esperteza. Toda a injustiça é condenável, seja qual for a finalidade, perpetrada através do dinheiro
a caminho de Jerusalém, Jesus apresenta-nos a parábola do administrador infiel, que é louvado pela sua esperteza. Toda a injustiça é condenável, seja qual for a finalidade, perpetrada através do dinheiro a liturgia do 25º domingo comum é algo escabrosa. É absurdo e até mesmo escandaloso que se possa louvar um administrador desonesto, como sugere, à primeira vista, o texto do evangelho de Lucas. É indispensável distinguir entre esperteza, também chamada prudência, e desonestidade ou injustiça. De facto é a primeira que é louvada. ao passo que a segunda é sempre condenável. O administrador desonesto é louvado pela prudência usada para sair de uma situação muito crítica e não pela injustiça que comete com bens que não lhe pertencem. Embora confiando na graça de Deus, o cristão deve comportar-se como se tudo dependesse unicamente das suas forças e capacidades. É esta atitude corajosa, sem reservas, permanente que é louvada e exigida a quem se identifica como discípulo de Cristo.
a parábola situa-nos no horizonte escatológico, isto é, do fim dos tempos. Trata-se de dar contas da nossa gestão e, pelos vistos, contas finais. Todo o homem, mais cedo ou mais tarde, deverá apresentar-se diante do tribunal divino para dar contas das suas próprias acções. a vida humana tem limites e, antes ou depois, há-de chegar à última estação, a Deus. Cada um de nós deverá preparar-se e saber como poderá superar favoravelmente este derradeiro passo. Os filhos deste mundo são espertos no trato de uns com os outros. Por seu lado, os filhos da luz deverão saber usar a mesma esperteza para alcançar a salvação. Um cristão preguiçoso, indolente, de meias tintas, não é digno de Cristo que o conquistou por um preço elevadíssimo.
a nossa parábola desemboca inevitavelmente no dilema: Deus ou o dinheiro. O termo mamona vem da língua hebraica e significa património. Tem no entanto um tom pejorativo. Trata-se de património alcançado com meios ilícitos. Jesus condena a indecisão dos seus discípulos. Quem alinha com Ele, tem obrigatoriamente de traçar uma fronteira clara. O discípulo de Jesus não pode oscilar cobardemente entre Deus e o dinheiro ou, através de artimanhas e jogos escondidos, manter boas relações com Deus e com o mamona.
a primeira leitura, do profeta amos, traz-nos palavras violentas contra aqueles que dão a volta aos pobres e os enganam. São palavras actuais contra as injustiças muito concretas do nosso tempo, em que assistimos a um fosso cada vez maior entre ricos e pobres, e a uma fé cansada e morna. Na segunda leitura, Paulo fala-nos da oração cristã, ligada a uma vida conduzida com toda a piedade e dignidade. Já nos primeiros tempos da Igreja, exigia-se do orante uma vida coerente, conforme ao Evangelho, sem ira nem discórdia.