Os problemas do mundo contemporâneo exigem corações abertos e acolhedores, para revelarem um Deus que, hoje, continua a amar os excluídos e marginais
Os problemas do mundo contemporâneo exigem corações abertos e acolhedores, para revelarem um Deus que, hoje, continua a amar os excluídos e marginaisOs textos da liturgia do 24º domingo comum colocam-nos diante de um Deus de rosto muito humano, sempre pronto a perdoar o seu povo, como se lê na primeira leitura. Blasfemador, perseguidor e violento no passado, o apóstolo Paulo reconhece e testemunha a misericórdia divina e a paciente bondade de Jesus Cristo, que veio a este mundo salvar os pecadores, entre os quais eu sou o primeiro, proclama a segunda leitura. O evangelho apresenta três parábolas – a ovelha extraviada, a moeda perdida e o filho pródigo – para exprimir o amor que Deus concede também aos pecadores.
a sociedade actual tem a tendência para criar barreiras e marginalizar. Sopram na Europa, chamada a casa comum, ventos perigosos e maléficos de xenofobismo. Não são apenas os ciganos que são rejeitados e expulsos. Outros sinais e manifestações menos ruidosas revelam a presença de um espírito contrário ao coração do bom pastor. Preocupado com a sorte de cada ovelha, Jesus apresenta-se como o bom pastor que acolhe os humildes, os pecadores e os rejeitados do seu tempo. Para o mundo actual, e não apenas para os cristãos, Ele é o modelo de acolhimento e de integração, de solidariedade e de comunhão. a sua acção amorosa é tanto mais intensa quanto mais o homem trilha caminhos que o afastam da casa do Pai.
Na parábola do filho pródigo – seria mais exacto chamar-lhe parábola do amor paterno – é muito estranha a atitude do irmão mais velho. Mais graves ainda são os argumentos a que ele recorre para não participar na alegria causada pelo regresso do irmão mais novo. Por trás desta reacção esconde-se um egoísmo refinado, embora habilmente disfarçado. É bem a imagem dos fariseus de todos os tempos que se julgam bons e justos, e recusam abrir as portas e acolher aqueles que são considerados impuros e perdidos. Nas nossas comunidades, perante os graves problemas sociais e morais, não faltam situações semelhantes. Diante do amor do bom Deus, o homem não pode fechar-se na sua concepção de justiça e de virtude, sob pena de tornar-se o filho perdido, mesmo que nunca se tenha afastado de casa.