Foi bispo titular de Leiria durante 14 anos, o seu trabalho apostólico ficou marcado
sobretudo pelo carinho na divulgação da mensagem de Fátima
Foi bispo titular de Leiria durante 14 anos, o seu trabalho apostólico ficou marcado
sobretudo pelo carinho na divulgação da mensagem de FátimaUma das facetas menos conhecida deste bispo que teve à sua responsabilidade a diocese de Leiria de 1958 a 1972 foi o seu amor à causa da mensagem da Virgem de Fátima. Era admirado pelo seu rigor, competência, inteligência, sendo de uma simplicidade e afabilidade pouco comuns. a dedicação à mensagem de Maria foi marcada pela eficácia, apesar da sua forma discreta de agir, fruto de uma personalidade muito própria, onde tinha lugar acentuado a preocupação da evangelização.
ao longo da sua vida como pastor da diocese promoveu a difusão da mensagem de Nossa Senhora através de muitas visitas que fez ao estrangeiro, sendo incansável na acção, dando testemunho pessoal de fé perante aqueles com quem convivia. Foi ele que acolheu Paulo VI na primeira peregrinação oficial de um Papa a Fátima em 1967, cujo impacto a nível mundial foi evidente e abriu caminho a uma visibilidade da mensagem de Fátima nunca até então conseguida plenamente.
a sua presença no Concílio Vaticano II, aberto por João XXIII de saudosa memória, em 1962 – tendo terminado três anos depois sob o pontificado de Paulo VI – foi um marco importante para o bispo de Fátima que, aproveitando a presença de bispos de todo o mundo, procurou sensibilizá-los para a mensagem da Virgem. Promoveu junto dos seus companheiros de Concílio um inquérito no qual solicitava que se pronunciassem se deveria ou não fazer-se a consagração a Nossa Senhora (como ela havia pedido), tendo a maioria respondido afirmativamente, tal foi feito. Foi um passo muito importante para o cumprimento do pedido de Nossa Senhora, disse- nos o padre Joaquim Ventura, um dos sacerdotes que mais de perto acompanhou João Pereira Venâncio.
O actual director do Colégio São Miguel, em Fátima, foi um interlocutor privilegiado do saudoso bispo. Contou-nos algumas passagens interessantes do seu relacionamento com o prelado João Pereira Venâncio. Recordamos a sua viagem a Paris em 1963, onde esteve três dias e partilhou o alojamento com o então jovem sacerdote que vivia num simples quarto. É rica e enternecedora a descrição da visita à Torre Eiffel protagonizada pelos dois. Joaquim Ventura recorda a piedade do seu bispo com alguma comoção: Durante a visita à Torre, o senhor bispo disse-me: e se rezássemos o terço? Como respondi afirmativamente, começamos a oração e à medida que íamos subindo os andares até ao topo, terminado a reza de um começámos outro, por vezes acompanhados por outros visitantes.
No último piso João Pereira Venâncio disse eu tenho uma diocese com tanta preocupação, qual não será a responsabilidade do bispo de Paris? Vamos rezar outro terço. João Pereira Venâncio era um homem de fé, dava testemunho, é alguém que merece ser recordado com muito respeito. Tendo o padre Joaquim Ventura como guia, voltaremos brevemente a debruçar-nos sobre esta personagem que marcou Fátima e a vida da Igreja no seu tempo.