Entusiasmos superficiais ou momentâneos, interesses mesquinhos ou oportunistas são inconciliáveis com as exigências de seguir a Cristo numa fidelidade total
Entusiasmos superficiais ou momentâneos, interesses mesquinhos ou oportunistas são inconciliáveis com as exigências de seguir a Cristo numa fidelidade totalNo antigo Testamento, era habitual personificar a sabedoria. O rei Salomão é apresentado como modelo ímpar. a primeira leitura mostra-nos que não se trata de saber ou especulação filosófica. a sabedoria é definida como familiaridade com Deus ou a adesão voluntária e serena à sua lei. a segunda leitura é extraída da mais pequena carta de São Paulo, também chamada bilhete-postal, escrita ao seu amigo Filémon. Em poucas linhas, Paulo explica que a verdadeira fraternidade em Cristo abate todas as barreiras e discriminações. O amigo do amigo nunca poderá ser escravo. O evangelho lembra que seguir Cristo comporta um compromisso sério e profundo. Não há cristãos em part-time ou em tempos livres. O seguimento de Cristo transforma todas as actividades e todas as manifestações da vida do cristão, e modela até o próprio pensamento.
Quem aceita seguir Jesus terá que remar contra-corrente. Numa sociedade pouco disposta à renúncia e ao sacrifício, em busca do prazer e do fácil, o Mestre convida a tomar a própria cruz e a segui-lo. aproveitando o facto que uma grande multidão seguia Jesus, a caminho de Jerusalém, o evangelista São Lucas enuncia as condições para O seguir. Não se trata apenas de companheirismo ou de solidariedade durante um troço de estrada. Exige decisões claras, coerentes e até dolorosas. Seguir Jesus cria uma relação única e fundamental e exige uma fidelidade constante.
a cena do evangelho descrita por São Lucas leva-nos a pensar na situação precária e crítica em que se encontraram as primeiras comunidades cristãs. Perante as dificuldades e as perseguições, a fé e a adesão de um bom número de cristãos revelaram-se voláteis, como um fogo de palha. Tornou-se necessário marcar claramente a linha que separa o cristianismo do paganismo dominante. Isto é, distinguir os medíocres e os que procuram dar-se bem com Deus e com o diabo, daqueles que estão dispostos até a sacrificar a própria vida para seguir a Cristo. Embora sem perseguição, ao menos à nossa volta, a Igreja hoje precisa da mesma clarificação. O que importa não é tanto o número de cristãos, mas a qualidade do seu seguimento de Cristo.