Só dois escaparam para contar a tragédia que, mais uma vez, se repetiu no deserto argelino, entre o Mali e a Europa. Sede e falta de comida foram a causa da morte
Só dois escaparam para contar a tragédia que, mais uma vez, se repetiu no deserto argelino, entre o Mali e a Europa. Sede e falta de comida foram a causa da morteCandidatos à emigração clandestina na Europa, 12 africanos sucumbiram à fome e à sede no caminho do deserto, refere a agência France Press. Partimos de Kidal, cidade do Mali, e seguimos o nosso próprio caminho (ilegalmente) em direcção à argélia, explicou o motorista ahmed, conhecido no meio como transportador de clandestinos. Entre a fronteira argelina e a cidade de Tamanrasset, o camião avariou.
O condutor contou que acabara a água, assim como a alimentação. Doze pessoas morreram. Só eu e um passageiro conseguimos prosseguir a viagem. O passageiro Etienne, um antigo estudante, que tentava a sua sorte para entrar na Europa, indicou que as pessoas mortas eram três camaroneses, três malianos, dois marfinenses, dois senegaleses, um gambiano e um guineense.
Os candidatos à emigração clandestina dirigida à Europa escolhem frequentemente o percurso entre o norte do Mali e a argélia. Muitos deles, na sua maioria originários da África subsariana, sucumbem nas areias do deserto, vítimas dos mais variados imprevistos, desde a sede e a fome, ao abandono das redes que organizam este tráfico de seres humanos, muitas vezes relacionadas com o tráfico de drogas e armas, o contrabando de cigarros e as redes de prostituição.
O emigrante da África subsariana é uma pessoa decidida que, custe o que custar, enfrenta a barreira da morte. a sua família apostou nele, e não pode admitir a ideia de fracassar e voltar à sua aldeia de mãos vazias. a pressão social e familiar é tão grande que muitos preferem morrer do que enfrentar a vergonha de fracassar.