é uma infeliz coincidência que no ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social que está em curso, se batam todos os recordes de desemprego em Portugal
é uma infeliz coincidência que no ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social que está em curso, se batam todos os recordes de desemprego em PortugalEstima-se que o número real de pessoas sem emprego no nosso país rondará os 742 mil. Há 643 mil pessoas inscritas nos Centros de Emprego, destas, cerca de 240 mil não recebem apoios sociais, ou seja, não tem emprego nem qualquer apoio. Esta estimativa é o resultado de um cruzamento dos dados da Segurança Social e do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) feita em Junho, mas o número pode ser ainda superior, já que os dados não incluem quem já desistiu de procurar trabalho ou aqueles que fazem pequenos trabalhos.
Estes números terão que nos fazer reflectir com seriedade, pois revelam um aumento muito significativo da pobreza já existente. Uma sondagem do Eurobarómetro divulgada em Bruxelas no mês de Junho indica que mais de 90 por cento dos portugueses considera que a pobreza aumentou em Portugal nos últimos doze meses.
Perto de metade dos portugueses inquiridos, 46 por cento dizem que, ao longo do último ano, foi uma luta constante para conseguir pagar despesas correntes e créditos, 18 por cento diz mesmo que, em algumas ocasiões, o dinheiro não chegou para as despesas fixas com contas e alimentação. Problemas que se estendem às despesas de saúde do último semestre, com 47 por cento dos inquiridos a assumirem dificuldades também nesta área. Este inquérito surge quando já decorreu a primeira metade do ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social e após o compromisso assumido no passado dia 17 de Junho, pelos dirigentes da União Europeia, de retirar 20 milhões de europeus da pobreza e da exclusão social na próxima década.
Perante um quadro negro como este, é caso para perguntar como será possível ultrapassar uma crise desta dimensão, com propensão para se agravar, se não houver boa vontade não só dos Governantes, mas de todos os portugueses. Há necessidade de criar uma mentalidade de solidariedade social e é evidente que o exemplo terá que ser dado por aqueles que mais têm, mas também exige que cada um de nós gaste apenas o indispensável. a palavra sacrifício – e o seu espírito – impõem-se nas acções do quotidiano, para que possamos ter uma ténue esperança de voltar a usufruir de condições e meios de sobrevivência dignas de um ser humano.
a pobreza é um teste à nossa capacidade de sobrevivência e também de fé num futuro melhor. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados, disse o Senhor, não são palavras vãs, mas incentivo à prática da caridade de uns para com os outros. a pobreza não envergonha quem por ela é atingido, mas é um tremendo desafio para aqueles que usando a riqueza em proveito próprio, esquecem o seu concidadão que vive sem o necessário, possivelmente mesmo ao seu lado.