“Taxa de risco de pobreza diminui para 17. 9 por cento e desigualdade continua a reduzir-se”. Foram estas as conclusões de um estudo do Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) publicado em 15 de Julho último
“Taxa de risco de pobreza diminui para 17. 9 por cento e desigualdade continua a reduzir-se”. Foram estas as conclusões de um estudo do Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) publicado em 15 de Julho últimoSeria uma notícia positiva, sem dúvida e até serviu para ser publicitada no portal do Governo, como se fosse algo de extraordinário, mas infelizmente não é. Vamos por partes. Trata-se dos resultados de um inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), realizado em 2009 (dados provisórios), incidindo sobre rendimentos de 2008, sobre a população residente em situação de risco de pobreza. Esta é a transcrição resumida da notícia do INE.
Não é positivo e apresentado desta forma, é enganador, pouco sério, sobretudo quando vem de uma entidade credível. São dados estatísticos que aquela deveria enquadrar na realidade actual, estamos a falar de elementos de há dois anos atrás, quando a evolução da pobreza em Portugal é diária. Já no ano de 2009 a assistência Médica Internacional (aMI) afirmava que Os portugueses continuam a empobrecer , tomando como base dados recolhidos no primeiro semestre desse ano e referindo que havia uma nítida tendência para um crescente número de casos de pobreza.
a estimativa é que haja dois milhões de pobres em Portugal, embora os números não estejam actualizados por estudo recente, sendo de crer que agora são superiores. Segundo o presidente da Rede Europeia anti-Pobreza em Portugal, padre Joaquim Moreira, a erradicação da pobreza vai ser um fenómeno muito difícil de atingir. Precisamos de mudar a mentalidade e a actividade da sociedade em geral, de pôr as pessoas em primeiro lugar nas preocupações sociais, políticas e económicas , disse à TSF.
O padre Jardim Moreira defende que se deve promover o diálogo o mais possível com a sociedade civil para que, com proximidade, se possa ir ao encontro de soluções para os problemas que atingem particularmente as famílias mais pobres e as famílias com crianças . O presidente da Rede anti-Pobreza em Portugal explica que, a nível político, é necessário perceber que não basta ter um emprego porque grande parte dos nossos pobres têm um emprego mas têm um vencimento tão baixo e tão inseguro que não permite criar condições para as famílias poderem aliviar as suas necessidades e a sua qualidade de vida .
Jardim Moreira afirma que não tem ilusões quanto ao balanço final que poderá ser feito quando 2010 terminar. O responsável pela rede contra a pobreza considera que seria muito pouco realista esperar uma espécie de milagre e alerta para o perigo da subsídio dependência para o país. as conclusões do padre Jardim Moreira devem ser ponderadas, sobretudo quando constatamos que o Governo não tem um plano de ataque à pobreza e muito menos políticas destinadas especificamente àqueles que mais precisam.