a experiência de solidão perante a vivência da fé exige do cristão que mantenha um sentido de vigilância muito aturado. “Estai preparados”, recomenda Cristo
a experiência de solidão perante a vivência da fé exige do cristão que mantenha um sentido de vigilância muito aturado. “Estai preparados”, recomenda Cristo a futurologia com as suas revelações clamorosas está na moda nos tempos de hoje e cria, sobretudo entre os jovens, frequentes estados de excitação e euforia. ao passo que a futurologia da Bíblia, isto é, a certeza da vinda de Cristo não suscita qualquer interesse. O aviso do Mestre: Estai preparados, é pouco escutado. O estilo sapiencial do antigo Testamento exalta, na primeira leitura do 19º Domingo Comum, os factos extraordinários que acompanharam a fuga do povo hebreu do Egipto. a salvação do povo de Israel deveu-se ao chamamento divino e a resposta a esta graça imerecida passa pela sua fidelidade à lei de Deus. a fé de abraão, que se tornou um modelo esplêndido através dos tempos, foi a sua pessoal resposta. Diz-nos a segunda leitura que ele acreditou na promessa de um filho e na promessa da terra prometida, que Deus lhe fez. a confiança em Deus é própria do homem crente seja nas horas de sucesso, como nos momentos difíceis do caminhar humano. O Evangelho propõe com insistência o tema da vigilância cristã. a vida humana não é uma viagem para o desconhecido, mas tem um fim e um sinal apresentados pelo próprio Cristo: O patrão daquele servo virá no dia em que ele menos espera.
Cristo garantiu à sua comunidade salvífica que havia de voltar. À certeza da sua vinda corresponde o desconhecimento do termo cronológico deste acontecimento. Mas desconhecer esse marco, adverte-nos São Lucas, não nos autoriza a descuidar-nos e a desinteressar-nos. O Senhor virá improvisamente. Pode acontecer a qualquer momento. Daí a necessidade de uma abertura e uma prontidão mais radicais. É próprio do discípulo de Cristo manter um treino espiritual afinado no campo da vigilância.
O cristão dá-se conta, quase todos os dias, que se encontra só perante a própria fé. Vive praticamente numa situação de diáspora e, cada vez mais, essa será a sua condição no futuro. Pela vivência das suas convicções é um estrangeiro na sua própria terra. Não temas, pequeno rebanho!, é a palavra do seu Mestre na qual o cristão confia. Se, no passado era necessário coragem para afirmar a decisão pessoal relativamente ao ateísmo, hoje a situação inverteu-se; essa coragem é indispensável para o cristianismo. Mas não há que lamentar que tenha acabado o tempo dos cristãos que vão atrás dos outros, o tempo dos oportunismos situacionistas.
Os cristãos hoje são chamados a conviver com irmãos que têm convicções diferentes no campo religioso, filosófico ou político. até mesmo em questões fundamentais da vida do ser humano. São situações que têm a ver com a eficácia e a abertura ao diálogo sobre o divino e o sobrenatural. Os cristãos não podem ignorar qual é a sua missão no mundo e não esquecem que a sua vida e o universo estão orientados para o além. Estão conscientes que não podem impedir a marcha do mundo, mas é seu dever contribuir para esse mundo que passará seja santificado.