O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social (CEPS), Carlos azevedo,
apelou aos vários sectores da vida portuguesa para a realização de um pacto social de
combate à pobreza
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social (CEPS), Carlos azevedo,
apelou aos vários sectores da vida portuguesa para a realização de um pacto social de
combate à pobreza a Comissão lembrou que existem em Portugal situações extremas de pobreza e fome, que podem conduzir à revolta e à violência, numa sociedade de desigualdades. Carlos azevedo disse que a crise é tão grave que Governo e oposição, patrões e sindicatos devem superar os conflitos em conjunto e não uns contra os outros.
as medidas políticas são chamadas a contribuir para um pacto social justo, seja na fiscalidade no gasto público, nos serviços sociais, no rendimento básico, nas ajudas de emergência social , disse o presidente da CEPS. Em relação àqueles que professam os ideais de Cristo, foi mais concreto: Os políticos cristãos poderiam dar testemunho de modo voluntário renunciando a uma parte do seu salário (20%) para um fundo que vai ser criado junto da Caritas para atender às situações mais críticas e que serão veiculadas através das paróquias.
O movimento social cristão tem de se preocupar mais com repensar o significado político do seu compromisso e não se ancorar num impossível apoliticismo, acrescentou. Esta preocupação concluiu, tem de passar no discurso das homilias, da catequese, para que os católicos sejam mais críticos perante a qualidade da democracia e das instituições sociais.
O presidente da Comissão acredita que o pior da crise ainda não passou. Será muito mais grave no final deste ano e agravar-se-á ainda no próximo ano. Estamos longe de chegar ao pior da situação, disse à Renascença. após as diversas declarações de Carlos azevedo a vários meios de comunicação social, as reacções dos políticos de vários quadrantes não se fizeram esperar, se alguns (poucos) aprovam as sugestões, outros criticam-nas de um modo pouco cortês.
a crise económica que os portugueses vivem está a atingir sobretudo os mais débeis, pobres e parte da classe média baixa. acentuaram-se despudoradamente as desigualdades, mas os detentores do poder político e económico assobiam para o ar, eles estão protegidos, a crise não os atingiu. É aqui e agora que a Igreja e os cristãos têm uma palavra a dizer, sobretudo agindo.
a CEPS e o seu presidente fizeram uma análise concreta e correcta da situação actual no aspecto social, apresentaram sugestões, há necessidade de coragem para ir em frente. Os cristãos têm que agir e interagir na política portuguesa, a Igreja também o deve fazer, usando de alguma prudência, tendo em conta especialmente os mais desfavorecidos. Cristo ofereceu a salvação a todos, essencialmente aos homens de boa vontade, mas sempre pregou a justiça para os mais fracos, aqueles que não se conseguem defender dos poderosos.
Todos nós temos agora oportunidade de demonstrar que a solidariedade não é uma palavra apenas, mas um meio para obter uma sociedade mais justa. a política é apenas a forma de gestão da sociedade, devemos exigir a quem está investido do seu poder que a exerça com responsabilidade e seriedade, começando por cada um de nós.