O pano mais usado em África é a capulana. Um simples rectângulo de tecido, em variadí­ssimos padrões, desdobra-se em múltiplas aplicações
O pano mais usado em África é a capulana. Um simples rectângulo de tecido, em variadí­ssimos padrões, desdobra-se em múltiplas aplicaçõesTodas as mulheres usam capulana.como peça de vestuário ou saia. Cortando-lhe uma tira, usam-na como lenço ou turbante.como abrigo, enrolando-se nela quando os dias estão mais frios, ou para transportar os filhos às costas, nas prodigiosas nenecas que amparam os bebés nas costas ou junto ao peito da mãe. as mulheres casadas, quase sempre, usam duas capulanas. Dizem que a segunda é para as emergências. Na verdade é frequente ver as mulheres fazer uso dela, estendida no chão, para as crianças dormirem, ou para transportar os mais variados objectos. Usam-na como fralda para os filhos e até nos partos como pano de higiene ou como o primeiro pano em que envolvem o bebé. até Os homens usam a capulana para transportar os filhos, tal como os irmãos mais velhos quando transportam os mais pequenos. Na liturgia é frequente vê-las como toalhas de altar, como paramento dos sacerdotes e utilizadas em outros adornos. Nas procissões de ofertório ou nas danças de acção de graças, as dançarinas trajam sempre capulanas iguais, num rasto de cor que embeleza mais ainda as celebrações. Outros usos mais modernos têm sido dados a estes panos ancestrais: Peças de roupa, sacolas, bolsinhas, individuais para mesa e até argolas de brinco. Na Paróquia de Santa Isabel de Guiúa, diocese de Inhambane, as mulheres iniciaram este ano o fabrico destas peças. Foi com enorme entusiasmo que descobriram neste têxtil uma forma de luta contra a pobreza. a extraordinária versatilidade das capulanas e a sua imprescindibilidade no dia a dia é sobejamente reconhecida por todos. Este simples rectângulo de algodão tem a dignidade do presente mais valioso quando se pretende obsequiar alguém. Nas festas de despedida, as mulheres dançam à frente da mulher a quem oferecem o precioso pano, envolvendo-a nele como uma marca de pertença e de inegável estima. Se cada um de nós, confiante nos dons que Deus nos deu e na nossa capacidade para nos deixarmos inspirar por Ele, tentássemos ser, pelo menos, tão úteis e versáteis como a simples capulana!