“Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro
nos céus. Depois, vem e segue-me” (Mat 19,21), disse Jesus
“Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro
nos céus. Depois, vem e segue-me” (Mat 19,21), disse JesusNão há duas interpretações quanto às palavras escritas por São Mateus e que chegaram até aos nossos dias. a Igreja exige a todos aqueles que recebem o sacramento da Ordem (padre) que façam votos de pobreza, castidade e obediência para toda a vida. O padre, dentro da hierarquia da Igreja, poderá ser chamado ao primado – como bispo -contudo essas obrigações permanecem, sendo ainda maior a sua responsabilidade no cumprimento desses votos.
No entanto, o exemplo da Igreja e dos clérigos ao longo da história, nem sempre foi baseado nessa premissa. ainda hoje ouvimos certos sectores da sociedade criticarem- na por não assumir aquilo que prega, algumas vezes com razão e outras nem tanto. a Igreja, enquanto hierarquia, tem o dever de praticar o espírito de pobreza, utilizando racionalmente os valores de que dispõe para as suas próprias necessidades e também em favor daqueles que mais precisam.
E aqui deparamos com novos desafios que se colocam aos responsáveis e gestores que servem a Igreja. Esta, enquanto instituição, tem uma função muito específica e primordial: servir todo o povo que a procura ou não, em função da salvação eterna. Logo, todos os aspectos terrenos deverão ser submissos a essa premissa.
Há uma tendência de alguns homens da Igreja em seguir os princípios orientadores que norteiam as administrações civis, ou seja, traçam objectivos, que consideram essenciais, em construção de templos de culto e outros projectos, sem acautelar algumas regras que poderíamos considerar de bom senso. Economia, simplicidade, segurança e funcionalidade desses espaços podem – e devem ser – obtidos tendo em conta que para reunir o povo e pregar a palavra do Senhor, uma simples tenda bastará (exemplo figurativo).
Há na sociedade moderna novos meios de difundir o evangelho, essa aposta será essencial e tem sido menos utilizada. Os templos de culto possivelmente vão continuar a ser necessários, tendo em conta o grau de cultura existente na Igreja, mas há que inverter determinados caminhos que acabam por ser uma afronta à pobreza existente. Fará algum sentido erguer templos magníficos – de elevado valor arquitectónico e com grandes obras escultóricas – esquecendo que aqueles que as vão frequentar procuram apenas um espaço de oração e paz?
Será que os valores gastos em excesso não permitiriam encontrar (obter) novos meios de difusão da Palavra mais eficazes? Ou que poderiam ser utilizados para aliviar algumas carências do povo de Deus? a Igreja nunca precisou tanto de absorver o espírito missionário como hoje. Bastará olhar para o trabalho dos missionários em África, na américa Latina e outras paragens, para entender esta realidade.
a Igreja parece acomodada nos seus privilégios (é perfeitamente legítimo e necessário tê-los) e por vezes olvida o essencial da sua missão enquanto difusora da mensagem de Cristo. Os pastores da Igreja fazem questão de insistir agora (porque outrora não era assim) que Igrejasomos todos nós, consagrados e leigos, mas devem assumir essa condição em tudo que lhe diz respeito. Porque nesta Igreja actual, uns são mais igreja que outros e certamente que essa não é a Vontade do Senhor.