« a crise não pode servir de desculpa para que nos fechemos sobre nós próprios e não possamos acolher aqueles que nos procuram», defende andré Costa Jorge
« a crise não pode servir de desculpa para que nos fechemos sobre nós próprios e não possamos acolher aqueles que nos procuram», defende andré Costa JorgePortugal, comparativamente a outros países, tem muito poucos pedidos de asilo. Se em 2008, foram registados 161 pedidos, em 2009, o já reduzido número desceu para 139. Em toda a União Europeia, contabilizaram-se 261 mil pedidos. Portugal tem uma baixa tradição em acolhimento de refugiados, explica andré Costa Jorge, director do Serviço Jesuíta aos Refugiados. Por outro lado, a lei de imigração portuguesa é mais generosa: o acesso das pessoas [a Portugal] não ocorre através do pedido de asilo, mas sim através do estatuto de migrante económico, ao contrário de outros países da Europa.
Estamos perante uma dimensão desigual em toda a Europa. as taxas de admissão em alguns países estão perto do zero. O que se passa é que a Europa tem apresentado uma tendência para se ir afastando, até da possibilidade da pessoa chegar à aceder ao pedido de asilo, afirma. Muitos apontam para o actual contexto económico, mas a crise não pode servir de desculpa até porque o resto do mundo vive muito pior.
a crise não pode servir de desculpa para que nos fechemos sobre nós próprios e não possamos acolher aqueles que nos procuram, insiste. O acolhimento do outro, em particular o que está em perigo de vida, é uma responsabilidade humanitária primordial e fundamental. É também uma dimensão cristã fundamental. Podemos encontrar, na Bíblia, inúmeras citações em que como cristãos somos chamados a acolher estas pessoas, em primeiro lugar, lembrou o responsável à Fátima Missionária.
acolher o outro que vem de fora é um desafio civilizacional e constante que exige muito trabalho ao nível da integração. Uma tarefa que deve ser de todos, pois, a diversidade é uma riqueza se todos trabalharem nesse sentido. Portugal não é um país muito atractivo para migrantes e refugiados. Contudo, os estrangeiros que cá se estabelecem tendem a permanecer e a não regressarem ao país de origem. Na sua grande maioria, são provenientes da Europa de Leste, Geórgia, Ucrânia, Rússia, e de África, Guiné, São Tomé, República Democrática do Congo, Senegal.