«Decidi promulgar hoje a lei que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo», anunciou o presidente da República Portuguesa ao país, a 17 de Maio
«Decidi promulgar hoje a lei que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo», anunciou o presidente da República Portuguesa ao país, a 17 de Maio a decisão do presidente da República é um passo atrás na construção da coesão social, ao contrariar um dos princípios mais consolidados das várias civilizações da humanidade, defende o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa. Manuel Morujão assinala, citado pela Ecclesia, que no passado dia 13 de Maio, em Fátima, o Papa Bento XVI relembrou que a família está fundada na união de amor entre um homem e uma mulher, e que protegê-la é um dos factores fundamentais da construção do bem comum.
Na mensagem ao país, Cavaco Silva lamentou que o Parlamento não tenha aprovado uma solução jurídica mais consensual para as uniões entre homossexuais e com um nome diferente do casamento. Considero que não teria sido difícil alcançar um compromisso na assembleia da República se tivesse sido feito um esforço sério nesse sentido.
Para o chefe de Estado, que anunciou a sua decisão três dias depois da visita de Bento XVI a Portugal, bastava ter olhado para as soluções jurídicas encontradas em países como a França, a alemanha, a Dinamarca ou o Reino Unido que, como é óbvio, não são discriminatórias e respeitam a instituição do casamento enquanto união entre homem e mulher. O presidente da República lembrou que nesses países à união de pessoas do mesmo sexo foram reconhecidos direitos e deveres semelhantes aos do casamento entre pessoas de sexo diferente, mas não se lhe chamou casamento, com todas as consequências que daí decorrem.
Para Cavaco Silva não é, portanto, verdadeira a afirmação de que a inexistência do casamento entre pessoas do mesmo sexo corresponde a um fenómeno residual no mundo contemporâneo, um resquício arcaico típico de sociedades culturalmente mais atrasadas. O chefe de Estado recorda as suas palavras já ditas na mensagem de ano Novo, de que podíamos caminhar para uma situação explosiva. E disse também que não é tempo de inventarmos desculpas para adiar a resolução dos problemas concretos dos portugueses. Há momentos na vida de um país em que a ética da responsabilidade tem de ser colocada acima das convicções pessoais de cada um, finaliza.