a Igreja navega em ondas revoltas da sociedade, é preciso ter a humildade de reconhecer o que está errado e rectificar com humildade e seriedade
a Igreja navega em ondas revoltas da sociedade, é preciso ter a humildade de reconhecer o que está errado e rectificar com humildade e seriedadeBento XVI acabou de fazer a primeira visita a Portugal como bispo de Roma, sucessor de Pedro. E fê-lo em momento difícil para a Igreja, mas também para a sociedade em que vivemos, na sua globalidade. Havíamos referido em artigo anterior que a sua presença em Portugal poderia ser marcante, hoje podemos dizer que é uma verdade confirmada, apesar de ser cedo para tirar todas as ilações de uma presença tão vivificadora.
Seguindo os passos do seu antecessor, fez questão de afirmar que vinha como peregrino de Nossa Senhora de Fátima, investido pelo alto na missão de confirmar os meus irmãos que avançam na sua peregrinação a caminho do Céu. a sua estadia de quatro dias entre nós poderáser totalmente consubstanciada naquela frase. Orou aos pés da Virgem na capelinha, como peregrino entre peregrinos, ofertando à Senhora a Rosa de Oiro que trouxe de Roma, como homenagem de gratidão. Mas não o fez só, convicto do acompanhamento dos Beatos Francisco e Jacinta, mas também da Serva de Deus Lúcia de Jesus naquela hora de prece e júbilo.
Os portugueses esperavam uma palavra de esperança e conforto, uma resposta para as dificuldades de toda a ordem que nos assolam diariamente. E o Santo Padre acabou por surpreender muitos com a sua frontalidade e seriedade na abordagem a problemas fracturantes na nossa sociedade, tais como o casamento e o aborto. Elegeu a defesa dos valores da família de concepção cristã como prioritária, incentivando à luta contra os mecanismos socioeconómicos e culturais que levam ao aborto. Louvou as iniciativas que visam tutelar os valores indispensáveis e primários da vida, desde a sua concepção e da família, fundada sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher, apontando-as como essenciais para a construção da civilização do amor.
Mas também falou aos prelados da necessidade de mudança, num apelo indirecto a uma maior co-responsabilização com a doutrina produzida pelo Vaticano II. apelou ao florescimento de novos movimentos e comunidades eclesiais, falando em fadiga da Igreja como inverno da Igrejaem contraponto a uma nova primavera criada pelo Espírito Santo ao fazer despertar nos jovens e adultos a alegria de serem cristãos.
Bento XVI reservou para a homilia da missa festiva de 13 de Maio, algo que centraliza a mensagem de Fátima quando disse iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída. aqui revive aquele desígnio de Deus que interpela a humanidade desde os primórdios. aludindo aos sete anos que nos separam do centenário das aparições, expressou o desejo que este espaço de tempo possa apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade. O legado das mensagens do Santo Padre nesta visita são importantes para a nossa concepção de vida cristã, dão novas pistas para uma vivência plena na fé de Cristo, tendo como objectivo uma reorientação mais abrangente, mas sem desvirtuar os princípios basilares da Igreja.